Bem-Estar

6 mitos e verdades sobre a reposição de testosterona

De solução milagrosa para a libido feminina a sinônimo de energia extra para os homens, a testosterona passou a ser vista como um verdadeiro “atalho” para resolver diferentes questões de saúde e bem-estar. No entanto, essa visão simplista esconde riscos: a reposição hormonal não é […]

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De solução milagrosa para a libido feminina a sinônimo de energia extra para os homens, a testosterona passou a ser vista como um verdadeiro “atalho” para resolver diferentes questões de saúde e bem-estar. No entanto, essa visão simplista esconde riscos: a reposição hormonal não é uma fórmula mágica e precisa ser indicada apenas em situações específicas, sempre com acompanhamento médico. Quando feita sem necessidade ou sem controle adequado, pode trazer efeitos colaterais e comprometer a saúde.

“É comum ouvir no consultório perguntas como ‘minha libido sumiu, será que preciso usar testosterona?’ A questão é que a sexualidade humana é complexa demais para caber em uma prescrição simplificada”, afirma o endocrinologista Ramon Marcelino, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

A seguir, o médico esclarece os principais mitos e verdades sobre a reposição de testosterona em homens e mulheres. Confira!

1. A testosterona é o hormônio central do desejo feminino

Mito. Durante a vida reprodutiva, quem rege os ciclos hormonais da mulher são o estrógeno e a progesterona. A testosterona existe em menor quantidade e cai pouco após os 35 anos. “Curiosamente, muitas mulheres que relatam queda no desejo nessa fase têm vários problemas associados e causadores, sem nenhuma correlação com as dosagens de testosterona”, destaca Ramon Marcelino.

2. Se a libido feminina está baixa, a primeira solução é repor testosterona

Mito. Desejo sexual é multifatorial: envolve sono, rotina, saúde mental, autoestima, relacionamento e contexto de vida. Devemos tratar somente após afastarmos as causas mais comuns do transtorno. “Uma mulher estressada, sobrecarregada ou em um relacionamento tóxico dificilmente sentirá desejo, e não há testosterona que resolva isso”, ressalta o endocrinologista.

3. Libido feminina pode ser espontânea ou reativa

Verdade. Há mulheres que não sentem vontade “do nada”, mas respondem ao toque e à intimidade. Isso não é doença. “É fundamental desmistificar a ideia de que só quem sente desejo espontâneo tem uma sexualidade saudável. A resposta reativa também é normal”, afirma Ramon Marcelino.

Pé de um homem com meia e subindo em uma balança. Ao lado, pesos de academia e uma fita métrica
O excesso de peso pode prejudicar a produção natural de testosterona (Imagem: Maren Winter | Shutterstock)

4. Obesidade reduz a testosterona nos homens

Verdade. O excesso de peso pode levar ao chamado MOSH (sigla em inglês para “hipogonadismo secundário associado à obesidade”). Nessa condição, a gordura corporal aumenta a conversão da testosterona em hormônios femininos, prejudicando a produção natural do hormônio. “Isso impacta a vida sexual, a fertilidade, a massa muscular, a disposição e até a expectativa de vida”, explica o endocrinologista.

5. Repor testosterona é sempre a melhor solução para os homens

Mito. Muitas pessoas acreditam que simplesmente aumentar os níveis de testosterona é a solução para problemas de saúde relacionados ao hormônio. No entanto, o especialista alerta que essa abordagem pode ser enganosa. “Repor testosterona sem tratar a causa não resolve o problema. O hormônio funciona muito mais como marcador da saúde do que como remédio universal”, reforça Ramon Marcelino.

Um estudo conduzido pela agência federal americana Food and Drug Administration (FDA) constatou um aumento de 300% no uso de testosterona entre homens acima de 40 anos nos Estados Unidos, muitas vezes sem diagnóstico confirmado. O consumo excessivo pode causar infertilidade, arritmias cardíacas e até aumentar o risco de fraturas.

6. O uso de testosterona é seguro quando bem indicado

Verdade. Quando há diagnóstico clínico e acompanhamento adequado, a reposição pode ser feita de forma responsável. Mas o uso sem critério é arriscado. “A prescrição ética exige escuta ativa, empatia e investigação cuidadosa. Só depois de descartar outras causas é que a reposição pode ser cogitada, e sempre com cautela”, finaliza o especialista.

Por Samara Meni

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