Justiça
Advogado de Anderson Torres nega articulação do 8 de Janeiro e acusa PGR de ‘ilação’
Eumar Novacki apresentou bilhete de viagem aos EUA e disse que acusação tenta ‘confundir a opinião pública’


O advogado Eumar Novacki, que representa o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, negou nesta terça-feira 2 no Supremo Tribunal Federal qualquer envolvimento de seu cliente nos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023. Ele participa do julgamento do núcleo crucial da trama golpista na Primeira Turma.
Novacki exibiu o bilhete de passagem de Torres para os Estados Unidos, datado de 21 de novembro de 2022, como prova de que não teria como planejar a invasão das sedes dos Três Poderes, ocorrida quase dois meses depois. Neste momento, o representante da Procuradoria-Geral da República lembrou que a companhia aérea GOL não confirmou a validade de documento de reserva.
Novacki acusou ainda a PGR de apresentar “inverdades” ao sustentar que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), não tinha conhecimento da viagem de Torres. Segundo o advogado, um áudio do próprio Ibaneis comprovaria o contrário. “O objetivo era confundir a opinião pública e conseguiram. Tentaram levar os julgadores ao erro, dizendo que a viagem era uma fuga, quando, na verdade, era uma viagem de férias em família”, disse.
Para a defesa, a denúncia contra o ex-ministro está “recheada de ilações e falta de provas”. Novacki destacou que não há nenhuma mensagem que ligue Torres a uma suposta “maquiavélica articulação de golpe”.
O advogado também contestou a interpretação da PGR sobre uma fala de Torres em reunião ministerial de julho de 2022, quando ele afirmou que “se depois de dar merda, não há o que fazer”. Segundo Novacki, a frase se referia ao processo eleitoral – caso Jair Bolsonaro (PL) perdesse a eleição – e não a um plano de ruptura institucional. “Dizer que isso tem teor golpista é um desrespeito a quem ouve”, afirmou, acrescentando que “não se falou sobre ruptura” naquela reunião.
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