Justiça
Do inquérito ao julgamento na 1ª Turma do STF: Como Bolsonaro e aliados chegaram ao banco dos réus
Grupo apontado como o núcleo crucial da trama mira a participação do ex-presidente e de militares na tentativa de golpe de Estado e em crimes contra a democracia


O caminho que levou Jair Bolsonaro (PL) e outros sete aliados ao banco dos réus no Supremo Tribunal Federal começou em 2023, com a abertura da investigação que buscava apurar uma suposta tentativa de golpe de Estado após a derrota do ex-presidente nas eleições de 2022.
Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro exercia papel de liderança na chamada trama golpista, estruturada em seis núcleos que incluíam desinformação, mobilização militar, operações jurídicas, inteligência paralela e execução de medidas coercitivas.
Entre os principais integrantes do núcleo crucial estavam os generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Relembre a cronologia da investigação:
- Novembro de 2024: A PF concluiu o inquérito e indiciou Bolsonaro e outros 36 aliados. A investigação detalhou ações coordenadas voltadas à ruptura democrática e associou os investigados aos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado;
- Fevereiro de 2025: A Procuradoria-Geral da República apresentou cinco denúncias ao STF, dividindo os investigados em grupos e destacando o ex-presidente e aliados como integrantes do núcleo crucial da organização criminosa;
- Março de 2025: A Primeira Turma do STF, por unanimidade, tornou réus Bolsonaro e outros sete aliados, dando início à ação penal;
- Maio de 2025: O STF realizou audiências com testemunhas de acusação e defesa, fase inicial de coleta de provas;
- Junho de 2025: Os oito réus do núcleo crucial foram ouvidos pessoalmente, incluindo diligências adicionais e acareações envolvendo Mauro Cid.
- Julho de 2025: Foram apresentadas as alegações finais da PGR e da defesa de todos os réus. A Procuradoria pediu a condenação de Bolsonaro e dos demais, enquanto a defesa buscou absolvição ou redução de pena. Medidas restritivas foram aplicadas a Bolsonaro, incluindo monitoramento de atuação junto a autoridades dos EUA para interferir no andamento do processo;
- Agosto de 2025: O ministro Alexandre de Moraes determinou prisão domiciliar de Bolsonaro por descumprimento de obrigações impostas ao ex-presidente, consolidando as medidas cautelares enquanto o julgamento se aproxima.
O julgamento do ex-presidente e do núcleo crucial da trama golpista começa nesta terça 2, na Primeira Turma do STF, que decidirá se o grupo será condenado ou absolvido pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
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