Justiça

‘Não vou assistir, tenho coisa melhor para fazer’, diz Lula sobre julgamento de Bolsonaro

O STF vai se debruçar, na próxima terça-feira 2, sobre a ação do golpe, na qual o ex-capitão é um dos réus

‘Não vou assistir, tenho coisa melhor para fazer’, diz Lula sobre julgamento de Bolsonaro
‘Não vou assistir, tenho coisa melhor para fazer’, diz Lula sobre julgamento de Bolsonaro
Lula já tinha dito que não pretendia acompanhar o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe. Fotos: EVARISTO SA / AFP e Fellipe Sampaio /STF
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O presidente Lula (PT) afirmou que não pretende assistir ao julgamento do antecessor, Jair Bolsonaro (PL), pela trama golpista, marcado para iniciar no dia 2 de setembro, próxima terça-feira, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal.

“Não vou assistir ao julgamento, tenho coisa melhor para fazer”, disse Lula ao ser questionado sobre o tema pela Rádio Itatiaia, de Minas Gerais, nesta sexta-feira 29.

Ele não se furtou a comentar, porém, o que pensa sobre o caso. “Acho que ele vai ser julgado com base nos autos. Não é a figura do Bolsonaro que está sendo julgada, o que está sendo julgado é o comportamento desse cidadão, que foi presidente da República, em função das denúncias e das delações feitas e das provas apuradas pela Polícia Federal”, destacou. “Se ele cometeu crime, vai ser punido; se não cometeu, vai ser absolvido. E a vida continua”.

Bolsonaro é um dos oito réus do chamado núcleo crucial da trama golpista. Ele foi apontado, na denúncia levada ao Supremo, como o chefe de uma organização criminosa que tentava impedir a posse Lula e que tinha o objetivo manter Bolsonaro no poder mesmo após a derrota nas urnas. Cinco crimes integram a acusação.

Caberá aos cinco ministros que formam a Primeira Turma do STF a avaliação sobre o caso. Alexandre de Moraes, relator, será o primeiro a votar. Caso o ministro opte pela pena máxima prevista para os crimes supostamente cometidos pelo ex-capitão, a pena chegará a 40 anos de prisão. Ele poderá ou não ser seguido pelos seus pares, independentemente de qual for a sua posição.

A defesa de Bolsonaro, convém ressaltar, tem negado a participação do ex-capitão no episódio. Em outra frente de atuação, aliados insistem em tentar pautar um projeto no Congresso que prevê anistia ampla, geral e irrestrita aos golpistas. Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, seria o principal beneficiado. Lula, aliás, ironizou a empreitada na conversa com a rádio.

“É uma coisa tão impertinente. O homem não foi nem julgado e já está querendo anistia”, disse. “Está dizendo que é culpado e quer ser perdoado?”, questionou, em seguida.

Para o petista, o ex-presidente está tendo uma oportunidade que não teria sido dada a ele quando foi preso no âmbito da Operação Lava Jato. “Ele está tendo direito à presunção de inocência que não tive. [Agora] Prove que não tinha caminhão com bomba no aeroporto em Brasília, que não tinha plano arquitetado para matar o Lula, o Alckmin, Alexandre de Moraes, prove que não foi ele que organizou a ocupação na frente dos quartéis brasileiros”, finalizou.

Cassação de Eduardo

Ainda na entrevista, o presidente também afirmou considerar ‘necessária’ a cassação do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). O político está nos EUA desde março, onde articula sanções contra autoridades brasileiras. Nesta quinta, o parlamentar solicitou à Câmara autorização para exercer o mandato à distância, mencionando ser um ‘perseguido político’ no Brasil.

Para Lula, a atuação do bolsonarista em solo norte-americano é uma traição à pátria. “Eduardo Bolsonaro não pode exercer mandato dele. Eu já falei com Hugo Motta e vários deputados que é necessário cassar o Eduardo”, disse. “Ele vai passar para a história como o maior traidor da pátria do Brasil e um dos maiores do mundo”, sustentou o petista.

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