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Ministro de Israel ofende Lula e o chama de ‘apoiador do Hamas’; Itamaraty reage

Israel Katz, que chefia a Defesa no governo de Benjamin Netanyahu, publicou uma montagem em que o petista aparece como fantoche do Irã

Ministro de Israel ofende Lula e o chama de ‘apoiador do Hamas’; Itamaraty reage
Ministro de Israel ofende Lula e o chama de ‘apoiador do Hamas’; Itamaraty reage
Israel Katz e Lula – Fotos: Embaixada dos EUA em Jerusalém e Ricardo Stuckert/Presidência da República
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O ministro da defesa de Israel, Israel Katz, usou as redes sociais nesta terça-feira 26 para postar ofensas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chamado de “antissemita declarado” e “apoiador do Hamas”. A postagem traz ainda uma imagem gerada por inteligência social que mostra Lula como uma espécie de fantoche nas mãos do líder supremo do Irã, Ali Khamenei.

Horas mais tarde, o Ministério das Relações Exteriores se manifestou. Também nas redes, o Itamaraty disse que a manifestação de Katz trazia “ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis contra o Brasil e o Presidente Lula”.

O Ministério destacou que as operações militares israelenses já causaram as mortes de 62.744 palestinos, sendo que um terço são mulheres e crianças, e que o país comandado por Benjamin Netanyahu está sob investigação na Corte Internacional de Justiça por possível violação da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.

“Espera-se do sr. Katz, em vez de habituais mentiras e agressões, que assuma responsabilidade e apure a verdade sobre o ataque de ontem [segunda 25] contra o hospital Nasser, em Gaza, que provocou a morte de ao menos 20 palestinos, incluindo pacientes, jornalistas e trabalhadores humanitários”, destaca a nota do Ministério.

No texto publicado nas redes sociais, Katz critica Lula pela decisão do governo brasileiro de deixar a Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA, na sigla em inglês), uma organização fundada em 1998 por representantes de diversos países, especialmente europeus, com a proposta de combater o antissemitismo. O Brasil fazia parte desde 2021, quando o governo de Jair Bolsonaro (PL) inscreveu o País no grupo como agente ‘observador’.

A saída do Brasil da IHRA foi anunciada em julho. Neste mês, o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, disse, em entrevista ao programa Roda Viva, que a definição de antissemitismo feita pelo grupo atrapalhava os esforços por uma solução de dois Estados para a crise no Oriente Médio.

Em 2024, quando ainda era ministro das Relações Exteriores de Israel, Katz já havia atacado Lula, que passou a ser considerado persona non-grata no Estado judeu após comparar as ações militares israelenses em Gaza ao holocausto. O episódio foi lembrado pelo ministro de Benjamin Netanyahu na postagem desta terça-feira.

“Agora ele [Lula] revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e apoiador do Hamas ao retirar o Brasil da IHRA – o organismo internacional criado para combater o antissemitismo e o ódio contra Israel –, colocando o país ao lado de regimes como o Irã, que nega abertamente o Holocausto e ameaça destruir o Estado de Israel”, escreveu Katz, em postagem em língua portuguesa.

“Como ministro da Defesa de Israel, afirmo: saberemos nos defender contra o eixo do mal do islamismo radical, mesmo sem a ajuda de Lula e seus aliados. Vergonha para o maravilhoso povo brasileiro e para os muitos amigos de Israel no Brasil que este seja o seu presidente. Dias melhores ainda virão para a relação entre nossos países”, prosseguiu o ministro israelense.

Nos últimos anos, Lula falou qualificou diversas vezes como ‘genocídio’ a atuação israelense em territórios palestinos na alegada guerra com o Hamas. Nesta terça-feira, durante reunião ministerial, o presidente brasileiro voltou a usar o termo.

“Nós temos a continuidade do genocídio na Faixa de Gaza. Todo dia tem novidade, mais gente morre e crianças ficam com fome. Todo dia aparecem na mídia crianças totalmente esqueléticas atrás de comida e são assassinadas como se elas estivessem em guerra, como se fossem do Hamas. E a fragilidade do mundo e da governança global são tão grandes que ninguém toma uma atitude”, criticou.

A crise diplomática entre os dois países ganhou novo capítulo na segunda-feira 25, quando Israel retirou a indicação do embaixador no Brasil e “rebaixou” as relações.

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