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PF instala tornozeleira eletrônica em Marcos do Val após viagem aos EUA sem autorização

O senador usou passaporte diplomático para driblar uma decisão do STF; político é investigado por ataques a investigadores da PF

PF instala tornozeleira eletrônica em Marcos do Val após viagem aos EUA sem autorização
PF instala tornozeleira eletrônica em Marcos do Val após viagem aos EUA sem autorização
Foto: Pedro França/Agência Senado
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou a instalação de tornozeleira eletrônica ao senador Marcos do Val (Podemos-ES), após o congressista retornar de uma viagem aos Estados Unidos feita durante o recesso. A medida foi cumprida pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Brasília (DF) na manhã desta segunda-feira 4, logo após o desembarque do senador.

Além da tornozeleira, Marcos do Val é alvo de outras medidas cautelares determinadas pelo Supremo. Entre elas, estão o recolhimento domiciliar noturno, das 19h às 7h em dias úteis, e em tempo integral aos fins de semana, feriados e dias de folga – com exceção apenas para ocasiões em que as sessões do Senado ultrapassarem o horário permitido. O senador também teve o passaporte diplomático cancelado, com ordem de devolução imediata e comunicação ao Ministério das Relações Exteriores, e está proibido de utilizar redes sociais, inclusive por meio de terceiros.

No campo financeiro, houve bloqueio de bens, contas bancárias, cartões de crédito e débito, chaves Pix, investimentos e até de veículos, embarcações e aeronaves eventualmente registrados em seu nome. Além disso, o STF determinou a suspensão do pagamento de salário e de todas as verbas de gabinete vinculadas ao mandato de Do Val, com comunicação oficial enviada ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Do Val deixou o Brasil em julho, utilizando um passaporte diplomático que permaneceu com ele mesmo após ordem para entrega do documento. A apreensão dos passaportes do senador havia sido determinada em 2024, quando Moraes identificou sua suposta participação em um grupo responsável por promover ataques a investigadores da Polícia Federal que atuam em inquéritos envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Apesar de a defesa de Do Val alegar que a viagem foi informada previamente às autoridades, incluindo o STF, o pedido de autorização foi negado por Moraes, e a decisão foi comunicada oficialmente apenas após o embarque do senador. A conduta levou o ministro a considerar o descumprimento das medidas cautelares já impostas e a ordenar o uso de monitoramento eletrônico.

Ele responde a dois inquéritos na Corte: um relacionado à tentativa de anular as eleições de 2022 e outro sobre atos de intimidação contra agentes públicos.

Segundo o STF, a nova medida visa garantir o cumprimento das restrições anteriores e evitar novas violações judiciais por parte do congressista.

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