Justiça

Parlamentares do PSOL acionam MP contra Diadema por compra de drone para dispersar baile funk

O equipamento, comprado sem licitação, tem capacidade de lançar gás lacrimogênio e, segundo a própria prefeitura, será utilizado contra os chamados ‘pancadões’

Parlamentares do PSOL acionam MP contra Diadema por compra de drone para dispersar baile funk
Parlamentares do PSOL acionam MP contra Diadema por compra de drone para dispersar baile funk
Drone Condor Drop. Foto: Divulgação
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A deputada federal Erika Hilton e a vereadora Amanda Paschoal, ambas do PSOL, entraram com uma representação no Ministério Público de São Paulo contra o prefeito de Diadema, Taka Yamauchi (MDB), pela compra de um drone que tem capacidade de lançar gás lacrimogênio.

Segundo a prefeitura, o equipamento, adquirido sem licitação e ao custo de 365 mil reais, será utilizado pela Guarda Civil Municipal para dispersar bailes funks, os chamados ‘pancadões’, na cidade.

Na peça, a deputada e a vereadora pedem que o MP de prosseguimento a um inquérito civil e que o uso do equipamento seja suspenso até a conclusão da investigação. A intenção final é que a compra seja anulada e o dinheiro seja devolvido aos cofres públicos.

Falta de licitação e outros riscos

As parlamentares, para embasar os pedidos, argumentam fragilidade na justificativa da prefeitura para compra do drone sem licitação. A gestão municipal, no processo de aquisição, argumentou que apenas a empresa Condor S/A Indústria Química teria capacidade de fornecer o drone.

A peça menciona também preocupações quanto à legalidade da iniciativa da cidade de Diadema, que sob a justificada sob o argumento de ‘manter a ordem pública’, prevê o uso da força contra os participantes de bailes. A alegação é de que falta proporcionalidade na proposta do prefeito, além da ocorrência de uma militarização injustificada das políticas de segurança pública.

Para a pssolistas, o caso também levanta questões sobre a estigmatização de manifestações culturais da juventude negra e periférica, potenciais violações ao direito à cidade e riscos à integridade física das pessoas.

Hilton e Paschoal apontam, por fim, o massacre de Paraisópolis, na zona sul da cidade São Paulo, como um exemplo de que a repressão aos ‘pancadões’ pode gerar graves consequências. No episódio, de 2019, as forças de segurança dispersaram um baile funk com gás lacrimogênio, balas de borracha, cassetetes e até morteiros e causaram a morte de nove jovens.

“O paralelo entre esse precedente trágico e a medida anunciada pela gestão de Diadema é inequívoco: a mesma lógica de repressão sem escuta, de força sem mediação  e de criminalização da cultura periférica”, sustenta o processo encaminhado à Justiça.

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