Justiça
Marcelo Câmara nega golpe e diz que codinome de Moraes era ‘brincadeira de quartel’
O coronel afirmou ao STF que apenas repassava informações a Mauro Cid – e tentou se desvincular de suposto plano para matar Lula, Alckmin e Moraes


O coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), prestou depoimento nesta quinta-feira 24 ao Supremo Tribunal Federal, negando envolvimento na articulação do golpe de Estado após as eleições de 2022.
Apontado pela procuradoria-Geral da República como um dos integrantes do “núcleo 2” da trama golpista, Câmara buscou minimizar sua participação e responsabilizou o tenente-coronel Mauro Cid por atos considerados suspeitos pela Polícia Federal.
Durante o interrogatório, Câmara confirmou que o codinome “professora” usado em conversas com Cid se referia ao ministro Alexandre de Moraes, mas alegou que a alcunha era fruto de uma brincadeira, sem qualquer intenção de ocultação ou ilicitude. Segundo ele, a expressão partiu de Cid e foi adotada por hábito informal entre os militares.
O ex-assessor negou envolvimento em qualquer planejamento relacionado ao chamado “Plano Punhal Verde Amarelo”, que previa, segundo a PGR, atentados contra o ministro Moraes, o presidente Lula (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Ao longo do depoimento, Câmara reiterou que nunca participou de reuniões ou ações voltadas à ruptura institucional e declarou ter se sentido “usado” por Mauro Cid. Disse que apenas cumpria ordens do então ajudante de ordens da Presidência e que não tinha conhecimento da real intenção por trás das solicitações que recebia.
Núcleo 2
Integram o núcleo 2 os acusados de organizarem ações para “sustentar a permanência ilegítima” de Jair Bolsonaro no poder, em 2022.
São réus neste grupo:
- Filipe Martins (ex-assessor de assuntos internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro);
- Marcelo Câmara (ex-assessor de Bolsonaro);
- Silvinei Vasques (ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal);
- Mário Fernandes (general do Exército);
- Marília de Alencar (ex-subsecretária de Segurança do Distrito Federal); e
- Fernando de Sousa Oliveira (ex-secretário-adjunto de Segurança do Distrito Federal).
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