Justiça

Bolsonarismo reage a tornozeleira com pedido de impeachment de Moraes 

Congressistas do PL priorizam anistia aos presos do 8 de Janeiro, PEC do fim do foro privilegiado e a derrubada de ministros do STF 

Bolsonarismo reage a tornozeleira com pedido de impeachment de Moraes 
Bolsonarismo reage a tornozeleira com pedido de impeachment de Moraes 
Bolsonaristas realizaram entrevista coletiva depois de reunião com Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Foto: Reprodução TV Câmara
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Na esteira da mais recente operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro (PL), parlamentares aliados do ex-presidente reagiram com a definição de uma pauta conjunta de enfrentamento ao Supremo Tribunal Federal.

Em reunião na Câmara nesta segunda-feira 21, com a presença de mais de 50 deputados e de dois senadores, os líderes da oposição criticaram o que chamam de “perseguição política” ao ex-presidente. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) alegaram que o País vive sob uma “ditadura da toga”.

A reunião, convocada durante o recesso parlamentar, teve como foco a organização da base bolsonarista no Legislativo e a resposta às ações do STF.

Entre as principais medidas anunciadas por Sóstenes estão:

  • a defesa da anistia aos golpistas do 8 de Janeiro como pauta número um da Câmara a partir da retomada dos trabalhos legislativos, em 4 de agosto;
  • a pressão para pautar a PEC 333/2017, que altera o foro privilegiado, visando conter o que consideram “abusos de autoridade” por parte do Supremo;
  • a formação de três comissões de trabalho da oposição, que funcionarão mesmo durante o recesso: uma de comunicação (liderada por Gustavo Gayer), outra de articulação interna no Congresso (comandada por Gilberto Silva) e uma voltada à mobilização nacional para “dar voz” a Bolsonaro fora das redes sociais, agora vetadas judicialmente (presidida por Zé Trovão).

Já no Senado, Damares Alves anunciou que a oposição terá como pauta única o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, justificando a iniciativa por supostas violações de direitos humanos. Os nomes de Cármen Lúcia e Gilmar Mendes também foram citados.

“Tivemos idosas presas, mães com salários bloqueados, crianças sem alimentos. Isso é ou não é violação de direitos humanos?”, perguntou Damares, citando decisões de Moraes.

As declarações de Sóstenes e Damares ocorrem no contexto da decisão do STF que impôs medidas cautelares contra Bolsonaro, sob acusação de tentar pressionar o Judiciário por meio de interferência internacional, especialmente após o apoio público do presidente norte-americano, Donald Trump, e o anúncio de taxas de 50% sobre produtos brasileiros.

Além da tornozeleira eletrônica, Bolsonaro está proibido de manter contato com embaixadores e com outros investigados (inclusive seu filho Eduardo) e de utilizar redes sociais direta ou indiretamente. Ele também deve permanecer em casa à noite.

Apesar da ordem judicial, Bolsonaro compareceu à Câmara nesta segunda, sob forte escolta e vigilância de horários. Ele participou da reunião com a bancada do PL, mas foi impedido de falar à imprensa conforme a decisão de Moraes – embora seus aliados tenham prometido novas formas de garantir visibilidade ao ex-presidente.

Reação nas ruas

Sóstenes também indicou que a oposição chamará às ruas apoiadores de Bolsonaro. A manifestação está marcada para 3 de agosto, um dia antes da volta do recesso parlamentar. A presença do ex-presidente no ato ainda é uma incógnita.

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