Justiça
Dino suspende julgamento sobre o fechamento de manicômios judiciários
Os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso já tinham votado pela constitucionalidade integral da Política Antimanicomial


O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, pediu mais tempo para julgar e suspendeu a análise na Corte da manutenção da resolução do Conselho Nacional de Justiça que instituiu a Política Antimanicomial do Poder Judiciário, que prevê o fechamento progressivo de todos os manicômios judiciais do País.
Os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso já tinham votado pela constitucionalidade integral da resolução. Com o pedido de vista, o Supremo tem 90 dias corridos para retornar o julgamento.
O tema estava em análise no plenário virtual da Corte e o julgamento seguiria até às 23h59 de 5 de agosto graças ao recesso do Judiciário.
O STF analisa um recurso contra a norma do CNJ que determinou em 2023 o fechamento progressivo de todos os manicômios judiciais do País e a transferência dos internos para tratamento em unidades da Rede de Atenção Psicossocial, como os CAPS, vinculados ao SUS.
Em seu voto, Fachin, relator do caso, registrou que os manicômios judiciais representam um modelo ultrapassado, incompatível com os direitos fundamentais previstos na Constituição e nos tratados internacionais de direitos humanos.
O ministro citou que o direito penal brasileiro precisa se harmonizar com a legislação sanitária e os avanços da reforma psiquiátrica, que preveem o cuidado em liberdade como regra e a internação como medida excepcional.
“O ordenamento jurídico pátrio não autoriza que avaliações psiquiátricas fundadas no conceito de periculosidade, por si só, legitimem internações por tempo indeterminado”, afirmou. Barroso seguiu o voto de Fachin integralmente.
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