Economia

Do aço ao Pix: governo Lula dobra a aposta no patriotismo em meio aos ataques dos EUA

Reação ao tarifaço e à possibilidade de uma investigação ao Pix embalam mudança de tom da Secom, que aposta no nacionalismo como trunfo

Do aço ao Pix: governo Lula dobra a aposta no patriotismo em meio aos ataques dos EUA
Do aço ao Pix: governo Lula dobra a aposta no patriotismo em meio aos ataques dos EUA
Brasília (DF), 20/12/2024 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (c), posa para foto com ministro após almoço de confraternização. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

A verborragia do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possível imposição de tarifas ao Brasil fizeram com o governo Lula (PT) mudasse o tom de sua comunicação. A chantagem tarifária serviu de gatilho para o Planalto consolidar uma inflexão já em curso: o apelo a uma narrativa de defesa nacional.

Essa guinada ficou mais evidente na última semana. Perfis de ministros e canais oficiais do governo nas redes sociais falam em “patriotismo” como elemento central na resposta ao tarifaço. Também há no radar a troca do slogan da gestão federal, já em fase final de preparação e que deve refletir três pilares: a proteção de interesses nacionais, soberania econômica e segurança digital.

Ainda em abril, quando Trump anunciou as sobretaxas sobre o aço e o alumínio, e agora, com a ameaça de novas sanções por defesa de Jair Bolsonaro (PL), o governo reagiu rápido: notas diplomáticas, declarações de apoio à indústria nacional, ao agro e menções a uma “postura firme diante de ameaças externas”.

A volta à cena do boné azul com os dizeres “O Brasil é dos brasileiros” também ajudou a expor esse novo sentimento.

Diante de uma nova investida de Trump contra o País, ordenando uma investigação comercial que envolve até mesmo o Pix, o governo reagiu nas redes, apontando o sistema como símbolo de independência tecnológica e “orgulho nacional”.

Assessores do presidente avaliam que a junção dos dois episódios cria uma oportunidade de reposicionamento. A estratégia, segundo eles, busca mobilizar o sentimento patriótico não apenas como defesa, mas como arma política. 

O novo slogan da administração federal, cuja divulgação é prevista para as próximas semanas, deve cristalizar essa virada. Se até aqui o governo buscava transmitir uma imagem de reconstrução e estabilidade, a nova fase falará diretamente à ideia de proteção: do emprego, da indústria, da moeda e dos dados brasileiros. Uma onda que começou longe, mas que o governo decidiu surfar.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo