Justiça
Por que Moraes mandou oficiar Tarcísio após depoimento na ação do golpe
Decisão resultou de discussão entre o ministro do STF e o advogado de um dos réus da trama golpista


O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afirmou, nesta quarta-feira 16, que oficiará o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), após uma declaração do advogado Jeffrey Chiquini, representante de Filipe Martins, réu na ação sobre a tentativa de golpe de Estado.
Chiquini questionou ao tenente-coronel Mauro Cid, em audiência na segunda-feira 14, se Tarcísio esteve com Martins em uma reunião no Palácio da Alvorada, em 2022, na qual se discutiu o documento conhecido como minuta do golpe.
Moraes reforçou na ocasião que o governador não é investigado e que o advogado fez uma insinuação. “Não estou insinuando nada, não ponha palavras na minha boca”, devolveu Chiquini.
O caso voltou à tona nesta quarta-feira, no momento em que Chiquini perguntava ao general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, sobre as tropas de prontidão no dia da invasão aos prédios dos Três Poderes.
“Doutor, quando os golpistas chegaram — porque não são vândalos, são golpistas, inclusive já condenados —, as imagens são muito claras. O senhor deveria ter acompanhado”, disse Moraes, ao interromper o advogado.
Chiquini, então, provocou Moraes: “Quais imagens? Aquelas que desapareceram ou aquelas disponíveis de forma seletiva?”.
“O senhor está acusando alguém de ter feito as imagens desaparecerem?”, contestou Moraes. Chiquini alegou ter proferido uma afirmação genérica. “Porque eu já estou oficiando o governador Tarcisio para informar das suas acusações de ontem. O senhor quer que eu informe mais alguma autoridade sobre suas acusações?”, completou o ministro.
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