Justiça
STF começa a ouvir testemunhas dos núcleos 2 e 4 da trama golpista
Os depoimentos acontecem nesta semana; testemunhas ligadas ao Núcleo 3 serão ouvidas na semana que vem


O Supremo Tribunal Federal (STF) dá início nesta segunda-feira 14 à etapa de instrução no julgamento dos núcleos 2 e 3 dos acusados de participação na tentativa de golpe de Estado contra o resultado das eleições de 2022. Nos próximos dias, a Corte ouvirá testemunhas tanto da acusação quanto da defesa.
A coleta de provas e depoimentos se estenderá até o dia 23 de julho, abrangendo integrantes de dois núcleos distintos da conspiração golpista. O cronograma estabelecido pelo tribunal prevê sessões diárias com diferentes grupos de envolvidos.
O primeiro grupo a ter suas testemunhas ouvidas é composto por seis réus, todos com passagens por cargos estratégicos no governo Jair Bolsonaro (PL). Entre os dias 14 e 21 de julho, o foco estará nos depoimentos relacionados a este núcleo.
Fazem parte do núcleo 2 nomes como os Silvinei Vasques, que comandou a Polícia Rodoviária Federal (PRF), e Marília Ferreira de Alencar, ex-responsável pela Inteligência do Ministério da Justiça durante a gestão de Anderson Torre; Também constam da lista o delegado Fernando de Sousa Oliveira, ex-número dois da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
O general da reserva Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e considerado homem de confiança de Bolsonaro, também faz parte do grupo, assim como o coronel da reserva Marcelo Costa Câmara, ex-assessor presidencial. Completa o núcleo Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais.
Núcleo 4: militares e agentes no centro da trama
Junto a isso, entre os dias 14 e 16 de julho, serão colhidos depoimentos de testemunhas ligadas ao núcleo 4, formado por sete acusados. Este grupo reúne principalmente militares e agentes de segurança.
Entre os réus estão Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército, e Ângelo Martins Denicoli, major da reserva. O engenheiro Carlos César Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal, também integra este núcleo.
Completam a lista o subtenente do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues, o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, o agente da Polícia Federal Marcelo Araújo Bormevet — ex-membro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) — e o coronel da reserva Reginaldo Vieira de Abreu.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) incluiu em sua lista de testemunhas nomes de peso das Forças Armadas. Exemplo disso é a presença dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, Marco Antonio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Júnior, respectivamente
Quem volta a depor é Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Cid, que firmou acordo de colaboração com os investigadores, será ouvido no dia 14 de julho. Sua testemunha terá validade para todas as três ações penais em andamento.
O número final de depoentes pode sofrer alterações, já que tanto a PGR quanto as defesas dos acusados têm a prerrogativa de desistir de ouvir determinadas testemunhas. Essa flexibilidade
Já o Núcleo 3, que conta com dez nomes – entre eles, os do tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira e o colega Hélio Ferreira Lima – deverá ser ouvido apenas na semana que vem.
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