Mundo
Como a imprensa internacional reagiu ao tarifaço e à carta de Trump ao Brasil
Republicano justificou novas tarifas por déficit inexistente e saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)


O anúncio do presidente norte-americano Donald Trump de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros repercutiu internacionalmente. A decisão, que representa um salto substancial em relação aos 10% estabelecidos em abril e é justificada como medida de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi destaque em alguns dos principais veículos de imprensa do planeta.
A imprensa estrangeira deu destaque ao caráter singular da carta enviada ao presidente Lula (PT). Diferentemente das comunicações padronizadas enviadas a outros países, o documento direcionado ao Brasil tem uma abordagem mais incisiva, misturando justificativas políticas econômicas.
O canal televisivo CNBC, dos EUA, destacou que a correspondência estabelece as tarifas como uma espécie de resposta a questões internas de outro país. “A carta a Lula vai mais longe do que as restantes, ao impor uma nova taxa de imposto de importação nos EUA explicitamente como punição a um país envolvido em assuntos políticos e jurídicos internos que não agradam a Trump”, escreveu o canal em seu site.
Ainda nos EUA, o The New York Times definiu que Brasil e EUA teriam começado uma guerra comercial repentina. “Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do país, atrás apenas da China. E Trump parece condicionar o fim das tarifas à suspensão do processo contra Bolsonaro“, diz o jornal, destacando as possíveis consequências econômicas para o Brasil.
O britânico The Guardian, por sua vez, classificou a carta como “destemperada” e destacou que ela destoa dos anúncios tarifários anteriores. “Até agora, as cartas tarifárias de Trump têm sido quase idênticas, mudando pouco mais do que os nomes dos países e líderes e as taxas tarifárias, mas a carta destemperada dirigida ao atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, é marcadamente diferente”.
Em cobertura atualizada continuamente, o veículo traçou paralelos entre os eventos de 8 de janeiro de 2023 no Brasil e a invasão ao Capitólio por apoiadores de Trump em 2021.
Na América Latina, o argentino Clarín afirmou que a tensão entre os dois países “escalou com força”, chamando a atenção para a reação imediata do governo Lula. “Trump misturou motivações políticas e econômicas ao justificar o aumento da tarifa, que supera em muito a média de 10% aplicada a outros países latino-americanos”, afirmou o jornal, chamando a medida de “drástica”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Por que Donald Trump tem tanto medo do Brics?
Por Deutsche Welle
Após anúncio de tarifa de Trump, Tarcísio tenta culpar Lula e limpar a barra de Bolsonaro e é ironizado
Por CartaCapital
O que diz a Lei da Reciprocidade, evocada por Lula em resposta a tarifas de Trump
Por CartaCapital