Política
Lula reage a tarifas de 50% de Trump e cita lei da reciprocidade
O presidente ainda reforçou que é falsa que a alegação de que as taxas seriam necessárias graças a um déficit norte-americano
O presidente Lula (PT) citou a recém-aprovada lei de reciprocidade econômica ao reagir ao anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que iria impor uma tarifa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros.
“Qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da lei brasileira de reciprocidade econômica”, disse nesta quarta-feira 9. O presidente afirmou ainda que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém”.
Atualmente, o Brasil é alvo de uma tarifa de 10% sobre seus produtos importados pelos Estados Unidos, aplicada por Trump em 2 de abril. Esse valor deve aumentar para 50% em 1º de agosto, segundo o líder republicano.
Lula condenou ainda as críticas de Trump ao Supremo Tribunal Federal. “O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, disse.
O presidente ainda reforçou que é falsa que a alegação de que as taxas seriam necessárias graças a um déficit norte-americano. “As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos”, anotou Lula.
Escalada de tensões
Mais cedo, o governo brasileiro convocou o representante comercial dos Estados Unidos para protestar contra o apoio a Bolsonaro. O diplomata norte-americano Gabriel Escobar foi chamado para explicar uma nota oficial na qual a embaixada reiterava o endosso ao ex-capitão.
A escalada de tensões começou na segunda-feira, quando Trump foi às redes sociais para alegar que Bolsonaro seria alvo de “uma caça às bruxas” no processo sobre a tentativa de golpe. Lula respondeu rapidamente que o Brasil é “um país soberano” e não aceita “interferência ou tutela de quem quer que seja”.
“Dê palpite na sua vida e não na nossa”, acrescentou o petista, na segunda-feira 7, em uma coletiva de imprensa durante a cúpula do Brics no Rio de Janeiro.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.



