Justiça

Dino critica política dos EUA de analisar redes sociais de estudantes que solicitam visto

Governo de Donald Trump exige que candidatos mantenham perfil aberto para ‘verificação minuciosa’

Dino critica política dos EUA de analisar redes sociais de estudantes que solicitam visto
Dino critica política dos EUA de analisar redes sociais de estudantes que solicitam visto
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Antonio Augusto/STF
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O ministro Flávio Dino fez críticas nesta quarta-feira 25 à política do governo dos Estados Unidos que prevê a análise das redes sociais de estudantes estrangeiros como parte do processo para concessão de vistos. Durante sessão do Supremo Tribunal Federal, Dino classificou a prática como uma forma de “monitoramento agressivo” e apontou riscos à privacidade e à liberdade.

“Talvez o monitoramento mais agressivo nas redes sociais hoje é feito pelos Estados Unidos, que sancionam, muito fortemente, a partir de postagens”, afirmou o ministro. “E sancionam de que modo, retirando conteúdo? Não, muito pior. Negando visto. Expulsando imigrantes, patrulhando imigrante.”

A declaração foi feita no contexto da discussão sobre o Marco Civil da Internet, em que o STF analisa a responsabilidade das plataformas digitais pelo conteúdo publicado por seus usuários. A maioria dos ministros já se posicionou a favor de uma responsabilização mais ampla das empresas.

Dino também chamou atenção para um aspecto específico da nova exigência dos EUA: a obrigatoriedade de que candidatos ao visto mantenham suas contas em redes sociais com visualização pública. Segundo ele, essa imposição elimina o direito de escolha sobre a exposição online.

“E agora, vejam a novidade: há uma ordem de que determinados cidadãos são obrigados a manter perfis das redes sociais e públicos. Eles não têm sequer o direito de optar, de filtrar as suas próprias postagens”, criticou.

A medida, formalizada pela embaixada dos EUA no Brasil, atinge solicitantes dos vistos F, M e J, voltados a estudantes acadêmicos, vocacionais e participantes de intercâmbios. O objetivo declarado é permitir uma “verificação minuciosa de comportamento online” para identificar possíveis riscos à segurança nacional.

Segundo o comunicado oficial, a triagem de redes sociais é parte de um esforço mais amplo para garantir que “solicitantes inadmissíveis” não entrem no país. “Obter um visto para os EUA é um privilégio, não um direito”, afirma a embaixada, que justifica a nova política como necessária para manter os “mais altos padrões de segurança nacional”.

O governo de Donald Trump afirma que pretende impedir a entrada de pessoas com discursos considerados hostis aos EUA ou a seus valores. Isso inclui publicações que, mesmo em caráter pessoal, possam ser interpretadas como ameaçadoras ou ideologicamente contrárias aos interesses do país.

A orientação já está em vigor. Solicitantes devem se preparar para submeter suas contas em plataformas como Instagram, X, TikTok e Facebook à análise das autoridades consulares americanas. Quem não cumprir a exigência poderá ter o pedido negado.

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