Justiça
Almir Garnier nega que tenha colocado tropas à disposição de Jair Bolsonaro
Ex-comandante da Marinha é o primeiro ouvido pelo STF na manhã desta terça-feira
O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, negou nesta terça-feira 10 que tenha colocado as suas tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para consumar um golpe de Estado. Deu a declaração durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal.
O militar é o primeiro a ser ouvido nesta terça e é apontado como o único comandante das Forças Armadas a embarcar na empreitada golpista montada no entorno do ex-capitão.
Ontem, o delator Mauro Cid, tenente-coronel que atuava como ajudante de ordens de Bolsonaro, disse que o almirante era um dos “mais radicais” entre os chefes das Forças. Segundo Cid, o corréu teria colocado as tropas “à disposição” do presidente para a tomada do poder.
Garnier negou à questão levantada pelo ministro Alexandre de Moraes e disse que a preocupação maior do então presidente era com a segurança pública. “O presidente expressou preocupações e analises de possibilidades, mais do que uma ideia ou uma intenção de conduzir alguma coisa em uma certa direção. A única coisa que era tangível e importante era a preocupação da segurança pública”, disse.
O militar também afirmou que na reunião de 7 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada, não foi conversada a possibilidade de estado de sítio ou de defesa. O encontro, segundo o almirante, serviu apenas para que o presidente da República mostrasse “considerandos” sobre a situação do País.
“Neste dia não houve conclusão ou deliberações. Neste dia foram apresentadas considerações da situação do País. Preocupava Bolsonaro qualquer questão que escambasse em algo não muito agradável. Me parecia que era uma coisa que ele estava estudando”, afirmou. “Houve uma apresentação de alguns tópicos de considerações que poderiam levar, talvez, não foi decidido isso naquele dia, à decretação de uma GLO (garantia da lei e da ordem) ou de necessidades adicionais, principalmente visando a segurança pública”.
Moraes também questionou se Garnier foi apresentado a uma minuta golpista. “Eu não vi minuta, eu vi uma apresentação na tela de um computador. Havia uma telão onde algumas informações eram apresentadas na tela. Quando o senhor fala minuta eu penso em papel, eu não recebi esse tipo de documento”, disse.
Outros depoimentos
Além de Garnier, o STF também se prepara para ouvir outros cinco réus. Todos fazem parte do núcleo 1 da trama. São eles:
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente;
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa; e
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente.
Walter Braga Netto será o único a depor por videoconferência, uma vez que está preso preventivamente desde dezembro, no Rio de Janeiro.
Para colher todos os depoimentos, o STF agendou mais três sessões, além da audiência desta terça-feira:
- Quarta-feira 11, às 8h;
- Quinta-feira 12, às 9h; e
- Sexta-feira 13, às 9h.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Moraes nega pedido e Cid terá que ir nas próximas audiências da trama golpista no STF
Por Vinícius Nunes
A resposta de Bolsonaro para não desmobilizar acampamento golpista, segundo Mauro Cid
Por CartaCapital
O apoio das Forças Armadas aos golpistas acampados no Exército, segundo Mauro Cid
Por CartaCapital
Cid recebeu plano sobre fuga de Bolsonaro antes mesmo da eleição de 2022
Por CartaCapital



