Justiça
Os réus da trama golpista que o STF ainda não conseguiu intimar
Oficiais de justiça cumpriram seis dos oito mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes


Dos oito réus por envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022, seis já foram devidamente notificados por um oficial de justiça, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes assinada em 11 de abril. As exceções são o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro Walter Braga Netto (PL).
Até a noite desta quinta-feira 17, constava no sistema da Corte o cumprimento dos mandados para citar o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ); o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.
Nos mandados, Moraes ordenou que o oficial de justiça intime cada um dos réus a apresentar uma defesa prévia no prazo de cinco dias. É um documento no qual os acusados poderão, por exemplo, listar as provas que pretendem produzir e arrolar suas testemunhas.
Por terem sido delatados por Cid, os réus poderão se manifestar após terminar o prazo para o tenente-coronel se pronunciar.
Braga Netto está preso preventivamente desde dezembro nas instalações do Exército no Rio de Janeiro. Bolsonaro, por sua vez, está internado na UTI do Hospital DF Star, em Brasília, onde passou por uma cirurgia no último domingo 13 para tratar uma obstrução no intestino.
Os próximos passos
A fase seguinte à citação dos réus é a instrução criminal, com depoimentos de testemunhas da defesa e da acusação, produção de provas documentais e periciais e eventual realização de diligências para preencher alguma lacuna.
Ao fim da instrução, Moraes elaborará — sem prazo definido — um relatório, uma espécie de resumo do caso até aquele momento. Também preparará o seu voto, no qual defenderá a condenação ou a absolvição dos réus.
Caberá ao relator, ainda, liberar o caso para julgamento. Na sequência, o presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, agendará a data da votação.
A sessão de julgamento começará com a leitura do relatório de Moraes, seguida pela sustentação oral da acusação e da defesa — cada parte terá uma hora para se pronunciar. Quando há mais de um réu em julgamento, o presidente do colegiado pode ampliar o prazo concedido à acusação.
Depois de todas as manifestações, Moraes lerá o seu voto. A seguir, votarão, nesta ordem, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Em caso de condenação, os ministros também terão de fixar a dosimetria das penas — ou seja, por quanto tempo os réus ficarão presos. Os crimes atribuídos a Bolsonaro pela PGR totalizam 43 anos de prisão, mas no Brasil o tempo máximo de cumprimento efetivo da pena é de 40 anos.
O ex-presidente responderá pelas práticas de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado, dterioração de patrimônio e organização criminosa armada.
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