Justiça

STF julgará se reconhecimento pessoal vale como prova em processos penais

Luís Roberto Barroso considera o procedimento frágil, uma vez que ele depende de fatores como a memória da vítima e a capacidade de atenção dela em ocasiões traumáticas

STF julgará se reconhecimento pessoal vale como prova em processos penais
STF julgará se reconhecimento pessoal vale como prova em processos penais
O ministro Luís Roberto Barroso durante sessão plenária do STF. Foto: Gustavo Moreno/STF
Apoie Siga-nos no

O Supremo Tribunal Federal julgará, em data ainda indefinida, se o reconhecimento pessoal vale como prova para definir a autoria de um crime quando o procedimento não seguir o Código de Processo Penal.

O caso tem repercussão geral, ou seja, o que a Corte decidir servirá de parâmetro para as instâncias inferiores em todos os processos semelhantes. O objetivo é estabelecer se a prática viola direitos constitucionais como ao devido processo legal, à ampla defesa e à proibição de provas ilícitas.

O reconhecimento pessoal serve para vítimas, testemunhas e outros acusados identificarem o autor de um crime, um processo regulamentado pelo CPP. O Conselho Nacional de Justiça também editou uma resolução detalhando a aplicação.

Quando defendeu a repercussão geral, o presidente do STF e relator do processo, Luís Roberto Barroso, apontou o que considera fragilidade do reconhecimento pessoal como prova, uma vez que ele depende de fatores como a memória da vítima e a capacidade de atenção dela em ocasiões traumáticas.

Barroso ressaltou também que 83% dos casos de reconhecimento equivocado no Rio de Janeiro levaram à punição indevida de pessoas negras, o que evidenciaria o caráter discriminatório do procedimento.

“A dependência excessiva sobre a qualidade dos sentidos de quem é chamado a reconhecer pode levar as pré-compreensões e os estereótipos sociais a influenciarem o resultado do ato”, afirmou o ministro. “O potencial reforço às marcas de seletividade e de racismo estrutural dessa questão sobre o sistema de justiça criminal, por sua vez, designa a relevância social e política do tema.”

Cabe a Barroso fixar a data para julgar o mérito do caso.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo