Justiça
Barroso quer ouvir Dino e Zanin antes de analisar pedido para impedi-los de julgar Bolsonaro
A defesa do ex-presidente alega que os ministros do STF teriam movido ações contra ele e, por isso, não poderiam analisar a denúncia do inquérito do golpe


O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, pediu informações aos ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino antes de analisar duas ações que defendem o impedimento dos seus colegas para analisar a denúncia da Procuradoria-Geral da República no bojo do inquérito do golpe.
As solicitações partiram dos advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um dos enquadrados pela PGR nos crimes de golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. A defesa dele alegou que Dino e Zanin já moveram processos contra o ex-capitão e, por isso, não poderiam julgá-lo.
O primeiro ingressou com ação contra Bolsonaro, quando era governador do Maranhão, em 2021. A queixa-crime foi apresentada após Bolsonaro acusar Dino de não utilizar a Polícia Militar para melhorar a segurança em visita ao estado. Já Zanin assinou outro processo semelhante, quando era advogado do presidente Lula (PT).
O requerimento de informação assinado por Barroso nesta quarta-feira é praxe dentro do rito processual. As respostas dos ministros serão utilizadas para embasar a decisão do presidente da Corte.
A denúncia contra o ex-presidente foi encaminhada pelo PGR Paulo Gonet na semana passada. Outras 33 pessoas foram denunciadas pela articulação golpista para reverter o resultado das eleições em 2022 e manter Bolsonaro no poder. Agora, a Primeira Turma do STF deve decidir se torna os acusados réus ou não.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Congresso apresenta plano para dar transparência a emendas e contornar impasse com STF
Por André Lucena
Não há razão para impedir ministros de julgar Bolsonaro, diz Gilmar Mendes
Por CartaCapital