Justiça

Gilmar suspende investigação contra Perillo por supostos desvios em verbas da Saúde

O ministro do STF considerou que o freio é necessário para evitar constrangimento ilegal da defesa

Gilmar suspende investigação contra Perillo por supostos desvios em verbas da Saúde
Gilmar suspende investigação contra Perillo por supostos desvios em verbas da Saúde
O governador de Goiás, Marconi Perillo, presta depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações do contraventor Carlos Cachoeira com agentes públicos e privados Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
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O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes mandou suspender as investigações contra Marconi Perillo, ex-governador de Goiás e presidente nacional do PSDB, que miram supostos desvios na Saúde estadual durante a gestão do tucano. A decisão foi assinada nesta quarta-feira 12.

Pesou a favor da determinação o fato de o tribunal analisar uma ação que trata dos limites do foro privilegiado. O processo em questão está suspenso desde setembro em razão de um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques, mas já há maioria de votos para que a prerrogativa se mantenha após o fim do mandato que garantiu o foro especial.

Gilmar considerou que a suspensão da investigação é necessária para evitar constrangimento ilegal da defesa e o risco de que uma eventual denúncia seja apresentada no foro incorreto. O decano do STF submeteu sua decisão à análise no plenário virtual da Corte, e a votação deve ocorrer na semana que vem.

Em nota, o advogado Romero Ferraz Filho, que representa Perillo, disse ter acionado o Supremo para resguardar os direitos do cliente, uma vez que o ex-governador “pode ser prejudicado” na investigação.

Perillo foi alvo de um mandado de busca e apreensão durante uma operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, na última quinta-feira. O processo, que corre sob segredo de Justiça, mira desvios de recursos da área da saúde que supostamente ocorreram entre 2012 a 2018.

Ao todo, a PF cumpriu 11 mandados de busca e apreensão, dez em Goiânia e um em Brasília. As ordens foram expedidas pela 11ª Vara Federal, que também determinou o sequestro de mais de 28 milhões de reais dos investigados.

Os investigadores afirmam que os desvios teriam ocorrido por meio de uma ONG responsável pela gestão de dois hospitais estaduais de referência para atendimentos de urgência e emergência no Sistema Único de Saúde.

A partir das análises, segundo a PF, verificou-se que a organização adotou como modus operandi a terceirização generalizada das atividades, firmando contratos com objetos genéricos, sem definição de quantitativos e especificações dos serviços a serem prestados. Isso favoreceu a realização de pagamentos sem a adequada medição.

Também foram firmados contratos com objetos semelhantes, indicando a sobreposição de contratações e o desperdício de recursos públicos.

O presidente nacional do PSDB acusa o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), de ser o “mandante” da operação que, segundo ele, “hoje domina Goiás e suas instituições”.

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