Justiça
Motta derrapou na largada com análise sobre o 8 de Janeiro, diz coordenador do Prerrogativas
Marco Aurélio de Carvalho vê caminho para diálogo com o presidente da Câmara, mas pede bloqueio ao PL da anistia


O advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, avalia que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), “derrapou na largada” com sua opinião sobre os ataques de 8 de Janeiro de 2023.
Segundo Carvalho, Motta deveria aplicar seus conhecimentos de médico em uma análise mais minuciosa do movimento que levou à invasão e à depredação das sedes dos Três Poderes.
O presidente da Câmara afirmou na sexta-feira 7, em entrevista à rádio Arapuan FM, de João Pessoa (PB), ter havido uma “agressão inimaginável” às instituições, mas rejeitou o intuito golpista por trás dos atos de 2023.
“Golpe tem que ter um líder, tem que ter pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas, e não teve isso”, declarou a liderança do Centrão. “Ali foram vândalos, baderneiros que queriam, com a inconformidade com o resultado da eleição, demonstrar sua revolta.”
“Nunca houve, na história de nenhum país do mundo, uma tentativa tão fartamente documentada de golpe de Estado como a que assistimos no Brasil”, disse Carvalho. “Como bom médico que é, Hugo Motta deveria fazer uma anamnese adequada do 8 de Janeiro.”
O advogado acrescentou que buscará Motta “para um debate saudável e respeitoso”, mas afirmou que o projeto de anistia a envolvidos nos atos golpistas não pode prosperar.
“Fez aceno para um lado, para os extremistas que integram o bolsonarismo, mas esqueceu do outro”, completou Carvalho.
Trata-se, a rigor, da primeira rusga do campo progressista com Motta, eleito sucessor de Arthur Lira (PP-AL) no sábado 1º com 464 votos, graças a uma robusta aliança, da esquerda à extrema-direita.
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