Política

Motta minimiza o 8 de Janeiro e diz que não houve tentativa de golpe

A avaliação do presidente da Câmara contrasta com a conclusão do STF nas ações penais sobre os envolvidos nos ataques

Motta minimiza o 8 de Janeiro e diz que não houve tentativa de golpe
Motta minimiza o 8 de Janeiro e diz que não houve tentativa de golpe
O deputado federal Hugo Motta. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Apoie Siga-nos no

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), minimizou o ataque de 8 de Janeiro de 2023 e afirmou não ter se tratado de uma tentativa de golpe de Estado. A avaliação do parlamentar colide com as conclusões do Supremo Tribunal Federal sobre os envolvidos na invasão e na depredação das sedes dos Três Poderes.

Motta declarou, em entrevista à rádio Arapuan FM, de João Pessoa (PB), ter havido uma “agressão inimaginável” às instituições, mas rejeitou o intuito golpista por trás dos atos.

“Golpe tem que ter um líder, tem que ter pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas, e não teve isso”, afirmou o sucessor de Arthur Lira (PP-AL). “Ali foram vândalos, baderneiros que queriam, com a inconformidade com o resultado da eleição, demonstrar sua revolta.”

Motta declarou que a resposta das instituições foi firme, mas contestou as penas aplicadas pelo STF.

“Não pode penalizar uma senhora que passou ali na frente do Palácio, não fez nada, não jogou uma pedra e receber 17 anos de pena para regime fechado. Há um certo desequilíbrio nisso”, alegou. “Nós temos que punir as pessoas que foram lá, quebraram, depredaram. Essas sim precisam ser punidas.”

No início deste mês, o Supremo condenou mais três integrantes dos atos golpistas de 2023. Um deles é o homem que furtou uma réplica da Constituição de 1988 que estava exposta na Corte, sentenciado a 17 anos de prisão. A cada um dos outros dois réus coube a pena de 14 anos de prisão.

Segundo a Procuradoria-Geral da República, suas denúncias já levaram a 374 condenações de participantes dos ataques em Brasília.

A maioria do STF costuma acompanhar os votos do relator, Alexandre de Moraes, baseados na avaliação de que o grupo do qual os réus faziam parte tinha a intenção de derrubar o governo democraticamente eleito em 2022. O ministro sustenta que ocorreu um crime de autoria coletiva em que, a partir de uma ação conjunta, todos contribuíram para o desfecho.

Na entrevista desta sexta, Hugo Motta afirmou que o projeto de anistia aos golpistas do 8 de Janeiro provoca tensão com o Judiciário e que ele terá “cuidado”.

“Não posso dizer que vou pautar semana que vem ou que não vou pautar de jeito nenhum. É um tema que estamos digerindo, conversando, porque o diálogo tem que ser constante.”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo