Justiça

Risco de fuga faz Moraes barrar viagem de Bolsonaro aos EUA para posse de Trump

A situação do ex-presidente se agravou desde outubro, quando a Primeira Turma rejeitou um pedido semelhante

Risco de fuga faz Moraes barrar viagem de Bolsonaro aos EUA para posse de Trump
Risco de fuga faz Moraes barrar viagem de Bolsonaro aos EUA para posse de Trump
Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes. Foto: Antonio Augusto/TSE Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes
Apoie Siga-nos no

O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes rejeitou nesta quinta-feira 16 o pedido de Jair Bolsonaro (PL) para viajar aos Estados Unidos e assistir à posse de Donald Trump. O ex-presidente buscava a devolução de seu passaporte, retido pela Justiça.

A decisão acolhe a recomendação do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Para o Ministério Público Federal, a viagem “pretende satisfazer interesse privado do requerente, que não se entremostra imprescindível”.

A Polícia Federal apreendeu o passaporte de Bolsonaro por ordem de Moraes em 8 de fevereiro do ano passado na Operação Tempus Veritatis, deflagrada para apurar a trama golpista que tentou impedir a posse de Lula (PT) em 2022. Em novembro, a corporação indiciou o ex-capitão por organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

No último sábado 11, o ministro determinou que Bolsonaro comprovasse ter sido formalmente convidado para a cerimônia de Trump. Dois dias depois, a defesa respondeu que o convite é o próprio e-mail apresentado na semana passada e contestado por Moraes.

No despacho desta quinta, Moraes afirmou que os advogados não cumpriram a decisão anterior, já que não anexaram aos autos um documento que demonstrasse a existência do convite. Este não é, porém, o argumento central da negativa assinada pelo magistrado.

O ministro relembrou que no ano passado a Primeira Turma do STF negou a restituição do passaporte de Bolsonaro. Na ocasião, o relator avaliou que “o desenrolar dos fatos já demonstrou a possibilidade de tentativa de evasão dos investigados”.

Na nova solicitação, prossegue Moraes, não há qualquer demonstração de mudança do cenário que fundamentou a conclusão da Turma.

“Diversamente do alegado pela defesa, o quadro fático autorizador da concessão e manutenção das medidas cautelares agravou-se”, enfatizou o ministro. Ele reforçou que o primeiro relatório da PF no inquérito do golpe indiciou Bolsonaro e mais 37 pessoas pela conspiração de 2022.

Moraes mencionou também que, após o indiciamento, Bolsonaro disse em entrevista à Folha de S.Paulo ter cogitado a possibilidade de “evadir-se e pedir asilo político para evitar eventual responsabilização penal no Brasil”.

Além disso, acrescentou o ministro, Bolsonaro declarou publicamente ser favorável à fuga de condenados em casos semelhantes, como nas ações penais dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro.

“Não há dúvidas, portanto, que, desde a decisão unânime da Primeira Turma, não houve qualquer alteração fática que justifique a revogação da medida cautelar, pois o cenário que fundamentou a imposição de proibição de se ausentar do País, com entrega de passaportes, continua a indicar a possibilidade de tentativa de evasão do indiciado Jair Messias Bolsonaro, para se furtar à aplicação da lei penal (…)”

Os advogados alegavam que a autorização para a viagem não representaria qualquer risco ou prejuízo às investigações e que Bolsonaro poderia fornecer detalhes sobre sua agenda, além de protocolar comprovantes de ida e volta. Cabe recurso contra a decisão de Moraes.

Leia na íntegra a nova decisão:

Moraes

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo