Justiça

Irmã de militar preso por trama golpista diz que queria levar músicas para ele em cartão escondido

Os objetos estavam em um panetone. O ministro do STF Alexandre de Moraes suspendeu as visitas ao ‘kid preto’

Irmã de militar preso por trama golpista diz que queria levar músicas para ele em cartão escondido
Irmã de militar preso por trama golpista diz que queria levar músicas para ele em cartão escondido
Irmã de 'kid preto' preso tenta levar objetos escondidos em panetone; Foto: Reprodução
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A irmã do tenente-coronel Rodrigo Bezerra afirmou à Polícia Federal ter tentado levar equipamentos eletrônicos com músicas para o militar, preso preventivamente sob suspeita de envolvimento na trama golpista de 2022, mas não soube dizer por que os dispositivos estavam escondidos em um panetone.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes suspendeu em 30 de dezembro as visitas a Bezerra, após a irmã do tenente-coronel tentar entregar a ele, dois dias antes, um fone de ouvido, um cabo USB e um cartão de memória camuflados em um panetone.

Segundo Dhebora Bezerra de Azevedo, o cartão da memória tinha 57 músicas, incluindo canções gospel e de forró. Os detalhes da oitiva foram revelados pelo jornal O Globo.

Ela alegou que a ideia de levar os dispositivos surgiu após o militar dizer que não tinha músicas para ouvir ao praticar exercícios no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília. Ela não conseguiu explicar, contudo, o motivo de ter escondido os objetos.

O Comando Militar do Planalto informou que a caixa de panetone estava lacrada e gerou um alarme no detector de metais. Na ocasião, a irmã afirmou que havia apenas um fone na embalagem.

Com a abertura da caixa, porém, apareceram os outros itens. O material foi apreendido e está sob custódia do Pelotão de Investigações Criminais.

A PF abriu um inquérito para apurar o caso. O tenente-coronel pediu o restabelecimento do direito de receber visitas, mas Moraes ainda não respondeu.

Indiciado pela Polícia Federal por participação na conspiração para impedir a posse de Lula (PT), Rodrigo Bezerra era major de infantaria do Exército e servia no Comando de Operações Especiais à época da trama golpista. Era, portanto, um dos chamados “kids pretos”. A PF o liga ao plano para prender ou assassinar Alexandre de Moraes em 15 de dezembro de 2022 — o codinome “Brasil” foi associado a um número de telefone utilizado por ele.

A investigação também demonstrou, conforme a PF, mais um vínculo objetivo entre Azevedo e outros integrantes da suposta organização criminosa. A análise de dados telefônicos apontou que aparelhos vinculados ao codinome “Brasil” estavam perto da casa de Azevedo em Goiânia após a data em que, segundo o plano golpista, deveria ter ocorrido o crime contra Moraes.

“Ele admitiu ter utilizado celulares e chips anonimizados, prática comum em missões sensíveis do Exército”, diz a polícia.

A PF encontrou ligações de Azevedo para um telefone associado à instituição financeira Nubank em 10 e em 17 de janeiro de 2023. A conta em questão, segundo o banco, é de um homem residente no Rio Grande do Sul, sem ligações aparentes com Goiânia.

Novamente, destaca a investigação, atesta-se a utilização de “técnicas de anonimização”, para cadastro de linhas telefônicas e abertura de contas bancárias em nome de terceiros, empregadas por Azevedo.

A apuração notou que um dos números cadastrados em nome de terceiros e utilizados para acessar uma conta bancária do Nubank consta do aplicativo de mensagens Signal armazenado no celular do general Mario Fernandes, outro indiciado por participação na conspiração golpista.

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