Política
Quem é Zucco, o próximo líder da oposição na Câmara
O bolsonarista é militar de carreira e presidiu a CPI do MST


O deputado federal bolsonarista Luciano Lorenzini Zucco (PL-RS) será o novo líder da oposição na Câmara a partir de 2025. A confirmação ocorreu nesta quarta-feira 18 em entrevista no Salão Verde da Casa.
Aos jornalistas, disse que trabalhará por pautas caras ao bolsonarismo, como a anistia aos golpistas do 8 de Janeiro de 2023 e o voto impresso, e afirmou ter o compromisso de Hugo Motta (Republicanos-PB), favorito a se tornar presidente da Câmara em fevereiro do ano que vem, de fazer avançar esses temas.
“Vamos trabalhar em 2025 o que foi apalavrado em relação à anistia. Inclusive, a oposição está apoiando a candidatura [de Hugo Motta] em cima do que foi apalavrado em relação à anistia”, declarou Zucco.
A coletiva de anúncio contou com outros expoentes do bolsonarismo, como Nikolas Ferreira (PL-MG), Ricardo Salles (Novo-SP), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Julia Zanatta (PL-SC). Em seu discurso, Zucco reconheceu que parte do grupo não estava preocupada com “projetos” e alegou que eles estavam ocupados com a própria “segurança”, sem fornecer detalhes.
“Em 2025, a meta desses parlamentares que estão aqui é fortalecer ainda mais nossos princípios e valores: de Deus, de pátria, de família, de liberdade. Vocês podem ter certeza: em 2026, não seremos mais oposição, seremos situação, e é importante nos respeitar”, disse o novo líder da oposição, para ser corrigido em seguida: “Não em 2026, em 2027, é verdade”.
Militar de carreira, Zucco foi eleito pela primeira vez para a Câmara em 2022, como o mais votado entre os gaúchos. Ganhou destaque fora do estado a partir de 2023, quando se empenhou para criar e presidiu uma Comissão Parlamentar de Inquérito para tentar constranger integrantes e apoiadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST.
Logo na primeira sessão da comissão, cortou o microfone da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que comentava que o Supremo Tribunal Federal havia autorizado uma investigação sobre ele pela Polícia Federal.
As atividades da CPI foram marcadas por episódios como invasões de domicílios em assentamentos durante diligências. Os trabalhos foram encerrados em setembro de 2023, sem a votação do relatório elaborado por Ricardo Salles.
A dupla Zucco-Salles, a propósito, foi alvo de ação do Ministério Público Federal por suposta intimidação a indígenas da etnia Pataxó em agosto de 2023, também no contexto da CPI.
Antes de chegar à Câmara, Zucco foi integrante da segurança da então presidenta Dilma Rousseff (PT). Teve relações próximas com integrantes da equipe de assessores particulares da petista, conforme informou CartaCapital.
Desde 2018, porém, mostrou a quem servia: lançou-se candidato a deputado estadual pelo hoje extinto PSL, o partido do bolsonarismo na época.
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