Justiça
Cid afirma à PF que Braga Netto deu dinheiro vivo a ‘kids pretos’ para executar golpe
Na decisão do ministro Alexandre de Moraes, que levou à prisão preventiva do general neste sábado, o depoimento é tido como um fato novo no financiamento da trama golpista.


O tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou em novo depoimento à Polícia Federal, no último dia 5, que o general Braga Netto entregou dinheiro vivo a comandantes das forças especiais, os chamados ‘kids pretos’, para financiar as despesas da trama golpista, que tinha o objetivo de impedir a posse do presidente Lula (PT).
Na decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, que levou à prisão preventiva do general neste sábado 14, o depoimento é tido como um fato novo no financiamento da trama golpista.
“O general repassou diretamente ao então Major RAFAEL DE OLIVEIRA dinheiro em uma sacola de vinho, que serviria para o financiamento das despesas necessárias a realização da operação”, transcreve o magistrado, em sua decisão, afirmando que as investigações policiais reforçam a alegação do colaborador.
“Há fortes indícios e substanciais provas de que, no contexto da organização criminosa, o investigado Walter Souza Braga Netto contribuiu, em grau mais efetivo e de elevada importância do que se sabia anteriormente, para o
planejamento e financiamento de um golpe de Estado”, acrescentou Moraes, ao também afirmar que a consumação do golpe também presumia a sua própria detenção ilegal, com uso de técnicas militares e terroristas, além de possível assassinato do presidente Lula (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Segundo a decisão, os desdobramentos da investigação da operação ‘Contragolpe’ mostram que Braga Netto cumpriu papel de liderança, organização e financiamento da trama golpista, além de demonstrar relevantes indícios de que o general atuou, reiteradamente, para embaraçar as investigações.
O ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva do general, além de ações de busca e apreensão de armas, munições, computadores, tablets e outros dispositivos eletrônicos em posse de Braga Netto. O coronel Flávio Peregrino, que foi assessor do militar, também foi alvo da operação da PF.
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