Justiça
CNJ mantém afastado juiz citado em relatório sobre tentativa de golpe
A PF diz que Sandro Vieira teria participado de documento sobre eleições


O Conselho Nacional de Justiça decidiu nesta terça-feira 10 manter o afastamento cautelar do juiz federal Sandro Nunes Vieira, magistrado citado no relatório da Polícia Federal que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e 36 acusados pela tentativa de golpe em 2022.
Por unanimidade, o CNJ confirmou a decisão individual do corregedor-nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, que, em 28 de novembro, determinou o afastamento de Nunes Vieira após receber um ofício do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, comunicando a citação do nome do magistrado nas investigações. Ele não chegou a ser investigado no inquérito do golpe.
De acordo com a Polícia Federal, Sandro Vieira teria participado do relatório encomendado pelo PL ao Instituto Voto Legal, após o resultado do segundo turno das eleições, para alegar supostas fraudes nas urnas eletrônicas.
Sessão reservada
A sessão na qual os conselheiros mantiveram o afastamento foi realizada de forma reservada, sem a participação do público ou transmissão ao vivo pelo YouTube. Segundo o corregedor, a deliberação secreta ocorreu porque o processo disciplinar está em segredo de Justiça.
Antes do início da votação, Mauro Campbell pediu que somente os conselheiros, servidores e advogados das partes ficassem no plenário. O presidente do CNJ e do STF, Luís Roberto Barroso, não estava presente, e a sessão foi presidida pelo conselheiro Guilherme Caputo Bastos.
“Eu pediria licença a todos, porque eu vou determinar o esvaziamento do plenário e a suspensão da transmissão porque vamos entrar em um julgamento de procedimento em caráter reservado”, afirmou Campbell.
Defesa
Em nota divulgada após o surgimento de seu nome nas investigações, Sandro Vieira declarou que nunca teve contato com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e que não emite “opiniões públicas ou juízos de valor sobre processos de conotação política”.
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