Justiça

Após duas horas de depoimento, Moraes mantém acordo de delação premiada de Mauro Cid

Havia a possibilidade de que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) deixasse a sede do STF preso, como ocorreu em março

Após duas horas de depoimento, Moraes mantém acordo de delação premiada de Mauro Cid
Após duas horas de depoimento, Moraes mantém acordo de delação premiada de Mauro Cid
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid. Foto Lula Marques/ Agência Brasil.
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, decidiu nesta quinta-feira 21 manter os benefícios do acordo de delação premiada firmado pelo tenente-coronel Mauro Cid com a Polícia Federal. A anulação do arranjo era uma demanda da corporação, que identificou contradições e omissões do militar nos depoimentos.

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) depôs por mais de duas horas ao magistrado. Antes do interrogatório, conduzido por Moraes e acompanhado por membros da PGR, o advogado Cezar Bittencourt havia afirmado que ele estava “tranquilo” e iria esclarecer as dúvidas da PF.

Esta é a segunda vez nesta semana que Cid presta depoimento para esclarecer detalhes sobre a articulação golpista para manter seu ex-chefe no poder após a derrota para Lula, em 2022. Na terça-feira, o tenente-coronel negou à PF ter conhecimento do plano para matar o petista, mas a versão não convenceu a corporação.

Ele também é acusado de apagar arquivos do seu celular antes de entregar o aparelho à PF. De acordo com relatos obtidos pela reportagem, as respostas do militar convenceram os responsáveis pela apuração no STF. Havia um temor de que ele deixasse a sede do STF preso, como ocorreu em março – mas essa possibilidade foi descartada pelo ministro da Corte.

Moraes, diz nota divulgada após o término da oitiva, “considerou que o colaborador esclareceu as omissões e contradições” apontadas pela PF. O texto ainda ressalta que as informações prestadas por Cid “seguem sob apuração das autoridades competentes”.

Um acordo de colaboração prevê o compromisso do delator em falar tudo o que sabe sobre o caso sob apuração. A eventual anulação não derrubaria as provas já colhidas no âmbito da apuração. Mas acabaria por impor prejuízos ao militar, uma vez que implodiria qualquer benefício previsto no acordo – a exemplo de responder ao processo em prisão domiciliar.

Ao firmar o arranjo com a PF, Cid pediu que seus familiares fossem poupados de qualquer punição, devido à suposta implicação do pai, o general Mauro Cesar Lourena, e da mulher Gabriela Santiago no esquema da venda de joias e da fraude no cartão de vacinação.

Enquanto o tenente-coronel prestava depoimento, o relatório final do inquérito sobre o golpe aportou no Supremo. Cid, Bolsonaro e outras 36 pessoas – entre militares de alta patente – foram indiciados por três crimes: organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Agora, cabe à PGR decidir se denuncia os envolvidos, pede novas diligências ou se manifesta pelo arquivamento da investigação. O relatório da PF tem mais de 800 páginas. A investigação foi iniciada em janeiro do ano passado. Há expectativa de que o conteúdo do documento, que permanece em sigilo, seja divulgado nas próximas horas.

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