Justiça

Justiça aceita denúncia contra bolsonarista por atropelamento de militante do PT

O caso aconteceu em Aracaju, às vésperas do primeiro turno. Flávio da Direita Sergipana e outros três responderão por tentativa de homicídio

Justiça aceita denúncia contra bolsonarista por atropelamento de militante do PT
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Reprodução/redes sociais
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O juiz Karlos Max Alves, do Tribunal de Justiça de Sergipe, tornou réus quatro envolvidos no atropelamento de um militante do PT às vésperas das eleições municipais em Aracaju. O grupo responderá por tentativa de homicídio, segundo a denúncia do Ministério Público. A decisão foi assinada nesta quinta-feira 14.

No Brasil, a pena para esse crime varia entre 6 e 20 anos de prisão e pode ser reduzida de acordo com o comportamento do réu. Um dos envolvidos no caso é Flávio da Direita Sergipana, ex-candidato a vereador pelo PL na capital sergipana. Ele também foi enquadrado por comunicação falsa de crime.

A partir de agora, os quatro passam a responder formalmente pelos delitos apontados na investigação e terão de apresentar suas defesas. O caso tramita na 8ª Vara Criminal de Aracaju. CartaCapital busca contato com os envolvidos para comentar o recebimento da denúncia. O espaço segue aberto.

Na avaliação da Polícia Civil, ficou comprovada “motivação fútil baseada em disputa eleitoral” por parte dos bolsonaristas. A delegada do caso, Juliana Alcoforado, entendeu que o atropelamento colocou todas as pessoas presentes em risco e lamentou os episódios de violência presenciados em Sergipe durante a campanha eleitoral.

O relatório de indiciamento ainda criticou Flávio por tentar “subverter os fatos ao registrar um boletim de ocorrência com uma narrativa inverídica de agressões por barras de ferro e danos ao veículo que não se confirmaram”. Instados a se manifestar, os quatro acusados permaneceram em silêncio em seus depoimentos.

Tal situação, obviamente, demanda dos órgãos públicos uma resposta à altura, não apenas por toda violência envolvida e o claro risco de morte pelo qual passou a vítima publicamente num espetáculo grotesco, mas pelo descrédito que isso gera contra todo o Estado”, observou Alcoforado.

O ativista Charles Belchior fraturou a perna esquerda e foi submetido a quatro cirurgias no Hospital de Urgências de Sergipe. Ele estava em um ato de apoio à petista Candisse Carvalho, então candidata à prefeitura da capital sergipana, quando foi atingido.

Flávio diz ter avançado com o carro sobre o militante depois de supostamente ser “agredido e quase linchado”. Um vídeo feito por um participante da carreata mostra Belchior em frente ao veículo ainda parado, com as mãos apoiadas no capô, quando o motorista começa a acelerar.

O próprio militante usou seu celular para fazer uma filmagem. Na gravação, Charles aparece pedindo para o motorista parar, soltando gritos de dor e dizendo que havia quebrado a perna. 

Na denúncia enviada ao TJ sergipano na semana passada, o promotor Francisco José de Oliveira Góis também considerou que o grupo agiu por motivo “fútil”, uma vez que o crime “se origina de disputa eleitoral por  preferências político-partidárias antagônicas, relevando a desproporcionalidade da causa e da ação”.

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