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Quem é J.D. Vance, o futuro vice-presidente dos EUA
Senador por Ohio, ele integra a chapa vencedora na eleição e já é apontado como o herdeiro político de Trump


O republicano James David Vance, mais conhecido como J.D. Vance, será o terceiro político mais jovem a ocupar o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos. Ele foi eleito para o cargo nesta quarta-feira 6, após conquistar 277 delegados ao lado de Donald Trump. A dupla superou a chapa democrata formada por Kamala Harris e Tim Walz, que somou apenas 224 delegados.
J.D. Vance é atualmente senador pelo estado de Ohio. Com 40 anos, o republicano integra a nova geração do partido já é apontado como o herdeiro político de Trump – que não poderá concorrer novamente ao cargo, conforme prevê a legislação do país.
Escritor, advogado e militar
O futuro vice-presidente dos EUA ganhou fama ao publicar o livro “Hillbilly Elegy: A Memoir of a Family and Culture in Crisis” [vendido no Brasil com o título “Era Uma Vez Um Sonho”], um livro de memórias em que trata da classe trabalhadora branca dos EUA e que se tornou um best-seller. A obra foi adaptada para o cinema.
Vance também serviu no Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e chegou a ser enviado para a missão no Iraque. Ele é formado em Ciência Política e Filosofia pela Universidade Estadual de Ohio e Direito pela Universidade Yale.
Mudança de discurso
Casado com uma indiana-americana, Vance era crítico ferrenho dos comentários racistas de Donald Trump. Ele chegou a dizer, durante a faculdade, que o republicano poderia ser o “Hitler da América”. No entanto, poucos anos depois, Vance mudou de ideia.
O republicano tornou-se, nos últimos anos, um dos principais defensores da ideologia “MAGA” (“Faça a América Grande Outra Vez”, na tradução em português) e da agenda protecionista que marca a campanha de Trump – e que deve ser o tom do novo governo.
Com essa postura, Vance passou de descrente a fiel apoiador do ex-presidente, chegando a endossar as teorias infundadas de fraude eleitoral em 2020 e, mais tarde, adotando um discurso duro sobre imigração, tarifas e aborto.
Durante seu mandato no Senado, o republicano se destacou pela forte oposição à ajuda financeira para a Ucrânia. No Congresso, defendeu que os recursos deveriam ser direcionados à luta contra a imigração ilegal nos EUA.
Desinformação sobre imigrantes
Em setembro, já em campanha, ele esteve no centro de uma polêmica ao compartilhar um boato sem fundamento em redes sociais sobre imigrantes ilegais. Ele ecoou, na publicação, a falsa alegação feita por Trump de que imigrantes estariam sequestrando e consumindo animais de estimação em Springfield, Ohio.
“Os relatos agora mostram que pessoas tiveram seus animais de estimação sequestrados e comidos por pessoas que não deveriam estar neste país. Onde está a nossa czar da fronteira?”, publicou o então senador em um ataque direto contra a vice-presidente e adversária Kamala Harris.
A falsa informação foi desmentida ao vivo por um mediador no debate, enquanto Trump também repercutia o boato. A desinformação gerou um aumento significativo na tensão local, com mais de 30 ameaças de bomba em escolas e edifícios públicos em Ohio. O prefeito de Springfield, Rob Rue, também recebeu ameaças de morte após as declarações da dupla que, nos próximos quatro anos, vai comandar o país.
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