Justiça
PF conclui inquérito sobre o 8 de Janeiro e cita ‘falhas evidentes’ do governo do DF
O documento também destaca a ‘ausência inesperada’ do ex-secretário Anderson Torres, que estava nos Estados Unidos no dia dos atos


A Polícia Federal concluiu ter havido “falhas evidentes” da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal no combate aos atos do 8 de Janeiro. A falta de ações coordenadas, ainda de acordo com relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal nesta semana, comprometeu a capacidade dos órgãos de segurança em fazer frente à invasão bolsonarista.
O documento também destaca a “ausência inesperada” do ex-secretário Anderson Torres, que estava nos Estados Unidos no dia dos atos. As conclusões estão no relatório final do inquérito aberto para apurar a responsabilidade de autoridades do DF durante a depredação das sedes dos Três Poderes.
“Em suma, a ausência de articulação e de difusão de dados comprometeu a capacidade de antecipar e enfrentar os atos de violência, revelando um despreparo que não pôde conter a escalada dos eventos ocorridos em 8 de janeiro de 2023”, diz um trecho do relatório da PF.
Além de Torres, o governador Ibaneis Rocha (MDB) e outras pessoas são investigados. Na segunda-feira 28, o ministro Alexandre de Moraes enviou o documento para manifestação da Procuradoria-Geral da República. Os investigadores também destacaram que a “difusão restrita de informações cruciais” como “fatores decisivos” para os atos golpistas.
Pelo fato de o caso tramitar em segredo de justiça, não é possível saber se todos os investigados foram indiciados nem por quais crimes. A defesa de Ibaneis e de Torres não se manifestaram sobre o assunto. Já a SSP-DF disse não comentar processos e investigações em andamento.
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