Política
Com quase 60% dos votos, Ricardo Nunes derrota Guilherme Boulos e é reeleito prefeito de São Paulo
O resultado confirma o favoritismo do emedebista expresso pelas pesquisas ao longo de todo o segundo turno


O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), confirmou o favoritismo indicado pelas pesquisas de intenção de voto e foi reeleito neste domingo 27, com 59,35% dos votos válidos, contra 40,65% do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
Levantamentos divulgados no sábado 26 reforçavam o cenário favorável a Nunes. Na Quaest, a vantagem dele sobre Boulos era de 55% a 45% em votos válidos; no Datafolha, o placar era de 57% a 43%.
Prefeito desde 16 de maio de 2021, Nunes conquistou neste domingo sua primeira vitória como cabeça de chapa. Eleito vice-prefeito em 2020 na chapa de Bruno Covas (PSDB), assumiu o comando da gestão municipal após a morte do tucano, vítima de um câncer.
Nunes obteve seu primeiro mandato de vereador em 2012. Naquele período, tornou-se mais conhecido como presidente da CPI da Sonegação Tributária na Câmara Municipal. Foi reeleito em 2016.
Em 2020, Covas escolheu Nunes para vice, em uma coalizão entre PSDB, MDB e o então DEM, que posteriormente se fundiria com o PSL para dar vida ao União Brasil. Teve atuação discreta em seus poucos meses de vice-prefeito.
Na prefeitura, enfrentou suspeitas de irregularidades, algumas das quais ligadas ao seu período de vereador. Os casos foram amplamente explorados por Boulos na campanha eleitoral deste ano.
Um dos exemplos é a “máfia das creches”, um suposto esquema de desvio de verbas públicas sob investigação da Polícia Federal. Nunes foi citado em um relatório da corporação por suspeitas de receber recursos em sua conta pessoal em 2018, quando era vereador, de uma empresa envolvida no suposto esquema. Ele nega qualquer irregularidade.
Ao longo do segundo turno, Boulos também insistiu em menções sobre as suspeitas de repasse de dinheiro pela prefeitura a empresas de ônibus acusadas de lavar dinheiro do Primeiro Comando da Capital, o PCC.
Ricardo Nunes, por sua vez, buscou se apresentar como um prefeito com realizações e obras a mostrar. Também apostou, especialmente durante o segundo turno, em pintar Boulos como um candidato extremista e inexperiente. Alegou em diversas ocasiões, por exemplo, que o adversário defendia a descriminalização das drogas e do aborto e era contra a Polícia Militar.
O principal cabo eleitoral de Nunes neste ano foi o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Já o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), formalmente apoiador do prefeito desde o primeiro turno, esteve ausente de toda a campanha e chegou a fazer acenos para o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado no primeiro turno com o endosso de boa parte do eleitorado bolsonarista.
A “estreia” oficial de Bolsonaro na campanha de Nunes, a propósito, só ocorreu na última terça-feira 22, após mais de dois meses de uma aliança desconfortável para ambos. Naquele dia, em um almoço com Bolsonaro, Tarcísio e empresários, o prefeito fez questão de elogiar o governador. “Numa guerra é o capitão que põe o peito na frente e não deixa ninguém para trás, soldado para trás”, declarou.
A afirmação abre margem a interpretações, uma vez que Tarcísio e Bolsonaro carregam a mesma patente.
“Quando caí um pouco nas pesquisas, em agosto, Tarcísio entrou ainda mais forte na campanha. Ele até participou de caminhadas”, prosseguiu o prefeito. “Então, minha eterna gratidão.”
Nunes tomará posse para seu novo mandato de prefeito em 1º de janeiro de 2025.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.