Política
Após baixaria de Marçal no Flow, debate na Record termina sem confusão e com Nunes na mira
O prefeito foi o alvo prioritário de Boulos, Marçal e Datena. O candidato do PSOL, por outro lado, foi questionado de modo enfático por Tabata


Os principais candidatos à prefeitura de São Paulo protagonizaram um debate sem confusões neste sábado 28, na Record TV, cinco dias depois da baixaria liderada por Pablo Marçal (PRTB) e sua equipe em um encontro organizado pelo Flow Podcast.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi o principal alvo de Guilherme Boulos (PSOL), Marçal e José Luiz Datena (PSDB). De uma forma geral, os postulantes voltaram a tentar isolar o ex-coach, a fim de diminuir as oportunidades de um novo alvoroço.
Boulos, por sua vez, esteve na mira de Nunes e Marina Helena (Novo) e, em uma mudança na comparação com os outros debates, foi questionado de forma enfática por Tabata Amaral (PSB) acerca de supostas mudanças de opinião ao longo dos anos. Por outro lado, o candidato do PSOL recebeu poucas provocações de Marçal e teve um clima ameno com Datena.
Nunes e Boulos, que despontam à frente na maioria das pesquisas, protagonizaram duros embates ao longo do programa.
Leia os destaques do debate em cada um dos blocos:
Terceiro bloco – considerações finais:
No debate organizado pelo Flow na última segunda-feira 23, Marçal foi expulso nas considerações finais ao descumprir reiteradamente as regras do encontro. Na sequência, Nahuel Medina, um dos assessores do candidato do PRTB, agrediu com um soco Duda Lima, marqueteiro de Nunes.
A situação foi diferente na noite deste sábado e o debate terminou sem confusão.
Segundo bloco, com embates diretos entre os candidatos:
Defensora dos golpistas: Marina Helena saiu em defesa dos presos pelos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023, em um embate com Boulos: “Tem gente que escreveu com batom e está longe do convívio da família até hoje”.
Mais de duas mil pessoas foram detidas na sequência dos ataques. Autores intelectuais e instigadores dos atos, executores, financiadores e autoridades estão sob investigação no Supremo Tribunal Federal. A Corte instaurou 1.444 ações penais a partir de denúncias da Procuradoria-Geral da República, com 221 condenações.
Clima ameno entre Marçal e Datena: no primeiro embate entre os dois no programa, o ex-coach perguntou ao apresentador quem é o pior prefeito da história de São Paulo. “Duro de responder”, afirmou Datena. “Só o dinheiro que o Ricardo está gastando na campanha eleitoral dele dá para fazer ponte, asfalto, tudo.” O tucano acrescentou que Nunes pode não ser o pior, mas “ele está ali, porque está prometendo coisas que não vai cumprir”.
Duro embate: o bloco começou com uma áspera interação entre Nunes e Boulos. O prefeito acusou o adversário de “passar pano” para o deputado André Janones (Avante-MG) no Conselho de Ética da Câmara pelo arquivamento de uma representação sobre suposta “rachadinha”. “Rachadinha é crime, independente de ser do Janones ou do Flávio Bolsonaro, amigo do Ricardo Nunes”, devolveu o candidato do PSOL.
Segurança pública: Ante uma provocação de Marina Helena sobre bandeiras do PSOL, Boulos disse que a Guarda Civil Metropolitana permanecerá armada e prometeu dobrar o efetivo da corporação.
O primeiro bloco se dividiu em dois segmentos: embates diretos entre os candidatos e perguntas de jornalistas. Veja os destaques:
Perguntas de jornalistas:
Tabata e o segundo turno: Jornalista disse que Tabata não chegará ao segundo turno se as pesquisas se confirmarem e perguntou quem ela apoiaria em um eventual embate entre Nunes e Marçal. “Robô não vota, mas gente de carne e osso [sim]”, respondeu a pessebista. “Tentaram roubar de você o direito de comparar as propostas, de conhecer as pessoas, de conhecer os projetos. A maioria que está aqui não tem ideia do que está falando.”
Cadeirada reaparece: Datena foi questionado por uma jornalista sobre seu “destempero” ao atingir Marçal com uma cadeirada em um debate. “Se você fosse chamada pelas palavras de que fui chamado, de uma maneira lamentável, por crimes a que jamais respondi, não sei qual seria a sua reação. Se atacarem o povo de São Paulo de uma maneira brutal, ele terá a minha defesa, com a minha coragem. Não é destempero, apenas me defendi. Isso será discutido na Justiça”.
Rigor: Os seis pedidos de direito de resposta apresentados até o meio do segundo segmento foram negados.
O passado de Boulos: Jornalista perguntou a Boulos qual seria o papel do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto em uma eventual gestão dele. O candidato, que foi líder da entidade, disse ter orgulho de sua trajetória. “Lutei com pessoas contra despejos”, afirmou. “Como prefeito, não vai acontecer ocupação de movimento social. Ocupação acontece quando não tem política de moradia. Eu terei a maior política de moradia da história desta cidade.”
PCC entra em foco: Jornalista lembrou as suspeitas de ligação entre integrantes da cúpula do PRTB, como o presidente Leonardo Avalanche, e a facção criminosa. “Sonho no futuro próximo a gente não precisar de partido político para ter viabilidade eleitoral”, disse o candidato. “Se tiver alguma ligação, espero que pague. Caso contrário, peço que todos aqueles que se levantaram contra ele deem espaço na mídia para ele mostrar quem é.”
Bolsonaro governará?: Questionado sobre a possibilidade de o ex-presidente indicar cargos em sua gestão, Nunes elogiou seu vice, o coronel Mello Araújo (imposto por Bolsonaro). Também alegou ter formado uma “frente ampla” e não respondeu à pergunta.
Escolhido para comentar a resposta, Boulos lembrou que o vice de Nunes já defendeu abordagens diferentes da Rota, tropa de elite da PM paulista, em bairros ricos e na periferia.
Embates diretos entre candidatos:
A primeira punição: Marçal recebeu a primeira advertência na reta final do bloco, após chamar Boulos de “Boules”(apelidos estão proibidos). Perdeu 30 segundos de suas considerações finais no debate.
As dobradinhas de Datena: após diálogo suave com Boulos, Datena teve uma interação amena com Tabata. Criticou a gestão de Nunes na segurança pública e levantou a bola para a candidata do PSB.
Embate progressista: Tabata Amaral criticou Boulos por supostas mudanças de posicionamento ao longo dos anos. Ela citou descriminalização das drogas, direito ao aborto e avaliação sobre a Venezuela. “Lamento muito que você traga questões que não procedem”, disse o psolista. “Você não governa só para o seu partido, só com as suas ideias. Você governa para a cidade inteira, e é isso que eu vou fazer.”
Clima esquenta: Marçal, em sua primeira participação, escolheu Nunes para a interação e se referiu ao prefeito como “Ricardo”.
O candidato do PRTB mencionou as investigações sobre a “máfia das creches”. A Polícia Federal concluiu que houve desvio de dinheiro público na gestão de creches municipais pela prefeitura e indiciou 111 pessoas suspeitas de participação no esquema. Também decidiu prosseguir em uma apuração sobre Nunes, mas não o indiciou.
“Quem fugiu da polícia foi você”, devolveu o prefeito. “Fugiu pela condenação de ter integrado uma das maiores quadrilhas do País para poder roubar dinheiro de pessoas humildes pela internet.”
Pablo Marçal foi sentenciado a quatro anos e cinco meses de reclusão por furto qualificado pela Justiça Federal de Goiás, em 2010. Apesar da condenação, não cumpriu pena, uma vez que sua punição foi declarada prescrita. Com outros suspeitos, ele foi réu em um processo por desvio de dinheiro de contas de bancos.
Pontapé inicial suave: O bloco, com perguntas diretas entre os candidatos, começou com Boulos escolhendo Datena para interagir. O tema pelo qual o candidato do PSOL optou foi a população em situação de rua. O clima entre os dois foi ameno, com críticas incisivas apenas a Nunes.
***
Disputa acirrada
A uma semana do primeiro turno, a maioria das pesquisas aponta um cenário de equilíbrio entre Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal.
Confira os resultados de cinco levantamentos publicados nesta semana:
Paraná Pesquisas, na sexta-feira 27. Margem de erro de 2,6 pontos percentuais:
- Ricardo Nunes (MDB): 28%;
- Guilherme Boulos (PSOL): 24,9%;
- Pablo Marçal (PRTB): 20,5%;
- Tabata Amaral (PSB): 7,3%;
- José Luiz Datena (PSDB): 7,1%;
- Marina Helena (Novo): 2,1%;
- Bebeto Haddad (DC): 0,4%;
- João Pimenta (PCO): 0,3%;
- Ricardo Senese (UP): 0,3%;
- Altino Prazeres (PSTU): 0,2%;
- brancos/nulos : 4,9%;
- não sabem/não responderam: 3,9%.
Datafolha, na quinta-feira 26. Margem de erro de dois pontos percentuais:
- Ricardo Nunes (MDB): 27%;
- Guilherme Boulos (PSOL): 25%;
- Pablo Marçal (PRTB): 21%;
- Tabata Amaral (PSB): 9%;
- Datena (PSDB): 6%;
- Marina Helena (Novo): 2%;
- Bebeto Haddad (DC): 0%;
- Ricardo Senese (UP): 0%;
- João Pimenta (PCO): 0%/
- Altino Prazeres (PSTU): 0%;
- Em branco/nulo/nenhum: 6%;
- Indecisos: 3%.
Quaest, na terça-feira 24. Margem de erro de três pontos percentuais.
- Ricardo Nunes (MDB): 25%;
- Guilherme Boulos (PSOL): 23%;
- Pablo Marçal (PRTB): 20%;
- Tabata Amaral (PSB): 8%;
- José Luiz Datena (PSDB): 6%;
- Marina Helena (Novo): 2%;
- Bebeto Haddad (DC): 0%;
- João Pimenta (PCO): 0%;
- Ricardo Senese (UP): 0%;
- Altino Prazeres (PSTU): não pontuou;
- Indecisos: 7%;
- Branco/nulo/não vai votar: 9%.
AtlasIntel, na segunda-feira 23. Margem de erro de dois pontos percentuais:
- Guilherme Boulos (PSOL): 28%;
- Ricardo Nunes (MDB): 21%;
- Pablo Marçal (PRTB): 21%;
- Tabata Amaral (PSB): 11%;
- José Luiz Datena (PSDB): 7%;
- Marina Helena (Novo): 4%;
- Altino Prazeres (PSTU): 0%;
- Bebeto Haddad (DC): 0%;
- João Pimenta (PCO): 0%;
- Ricardo Senese (UP): 0%
- brancos/nulos: 2%;
- não sabem: 6%.
Real Time Big Data, na segunda-feira 23, com margem de erro de três pontos percentuais:
- Ricardo Nunes (MDB): 27%;
- Guilherme Boulos (PSOL): 24%;
- Pablo Marçal (PRTB): 21%;
- Tabata Amaral (PSB): 9%;
- José Luiz Datena (PSDB): 5%;
- Marina Helena (Novo): 2%;
- Outros: Altino Prazeres (PSTU), Bebeto Haddad (DC), João Pimenta (PCO) e Ricardo Senese (UP): 1%;
- Nulo/branco: 5%;
- Não sabem/não responderam: 6%.
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