Política
Ex-rota e ‘anticomunista’: o indicado por Bolsonaro para vice de Nunes
O nome de Ricardo de Mello Araújo foi levado ao prefeito Ricardo Nunes pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto
Após indicação do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à candidatura de reeleição de Ricardo Nunes (MDB) para a Prefeitura de São Paulo, deverá caber ao ex-capitão a escolha de um aliado para ocupar a vaga de vice.
O nome sugerido por Bolsonaro é Ricardo de Mello Araújo, coronel aposentado da Polícia Militar, que advoga por posicionamentos familiares aos do ex-presidente.
A indicação do militar foi levada ao prefeito Ricardo Nunes, na segunda-feira 29, pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Em publicações pelas redes sociais, o militar já se manifestou em apoio ao impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, questionou a confiabilidade das urnas eletrônicas e se mostrou contra a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19, assim como criticou a política sanitária do isolamento social durante a pandemia.
A indicação do ex-coronel da Rota é simbólica para reforçar o comprometimento da chapa com a segurança pública, principal pauta eleitoral na disputa pela Prefeitura paulista.
Mello Araújo também já defendeu abordagens diferentes da Rota em bairros ricos e na periferia e posicionou a favor da extinção da Ouvidoria da polícia, órgão responsável por receber e analisar as denúncias recebidas contra policiais por má conduta.
Assim como Jair Bolsonaro e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), Mello Araújo diz ser contra a implementação das câmeras de segurança nos uniformes dos agentes de segurança.
Nunes e o ex-coronel da Rota não tem uma ligação próxima. Registros oficiais mostram que o prefeito esteve com o ex-PM apenas duas vezes, em encontros políticos.
Uma deles foi durante um evento na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), à época presidido por Araújo.
Na administração da empresa federal, o ex-Rota teria promovido a militarização do Ceagesp, nomeando ao menos 22 PMs para cargos comissionados.
Foi na gestão dele que a companhia estatal alugou uma sala em sua sede para a instalação de um clube de tiro.
Ainda na condução da empresa, Araújo entrou em conflito com o Sindicato dos Empregadores em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sindbast). Na ocasião, o presidente do Ceagesp chegou a ser chamado de “fascistinha” e “autoritário”.
O ex-Rota é acusado de ter convocado outros agentes de segurança estatal para uma manifestação do 7 de setembro, a favor de Bolsonaro.
“Não podemos permitir que o comunismo assuma nosso país”, disse em um vídeo publicado nas redes sociais.
Dias depois do vídeo, Araújo chegou a responder por um inquérito na Corregedoria da PM, mas o procedimento foi arquivado sem resolução de mérito. A participação de policiais em manifestações partidárias é vetada por lei.
Além de Mello Araújo outros três nomes foram considerados por Bolsonaro: Sonaira Fernandes, secretária da Mulher no governo Tarcísio de Freitas (Republicanos); Tomé Abdouch, deputado estadual por São Paulo; e Raquel Gallinati, ex-presidente do Sindicado dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.
Apesar da escolha de Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto ainda avalia outras alternativas. A sigla deverá promover pesquisas qualitativas nas próximas semanas para tentar os nomes dos candidatos à vice.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.