Justiça

X, de Elon Musk, sai do ar em diversos dispositivos após decisão de Moraes

O site Downdetector registrou por volta de 0h10 um pico de relatos sobre falha na tentativa de acessar a plataforma

X, de Elon Musk, sai do ar em diversos dispositivos após decisão de Moraes
X, de Elon Musk, sai do ar em diversos dispositivos após decisão de Moraes
Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Nelson Jr./SCO/STF
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O X (ex-Twitter) saiu do ar em diversos dispositivos no Brasil a partir da meia-noite deste sábado 31, após a ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes para suspender o funcionamento da rede social. A empresa do bilionário Elon Musk se recusou a cumprir a determinação de indicar um representante legal no País.

Clientes de diferentes operadoras, a exemplo de Vivo, Claro, Tim e Oi, apontaram a queda do acesso à rede no início da madrugada. O site Downdetector registrou por volta de 0h10 um pico de relatos sobre falha na tentativa de entrar na plataforma.

Ao assinar a decisão, Moraes enviou uma notificação à Agência Nacional de Telecomunicações, órgão ao qual cabe dar a ordem às operadoras de internet para retirar o acesso dos usuários ao X.  O prazo para a Anatel efetivar a medida é de 24 horas.

Horas depois de publicar o despacho, Moraes recuou das restrições que havia imposto ao uso de VPN e às lojas de aplicativos da Apple e do Google, mas manteve a suspensão do X.

O VPN, ou Rede Virtual Privada, serve para criar uma conexão criptografada entre o dispositivo de um usuário e a internet. Funciona, por exemplo, para esconder de terceiros sua atividade de navegação. Seria uma forma de internautas tentarem burlar a queda do X no Brasil.

Inicialmente, o ministro estabeleceu à Apple e ao Google um prazo de cinco dias para retirarem o X de suas lojas virtuais, além de impossibilitarem o uso de VPN. Provedoras de serviço de internet, como Tim, Vivo e Claro, deveriam inserir “obstáculos tecnológicos capazes de inviabilizar a utilização do aplicativo ‘X’”.

Ao suspender a execução dessas ordens, Moraes mencionou “o caráter cautelar da decisão” e a possibilidade de o X cumprir as ordens judiciais anteriores. O recuo valerá “até que haja manifestação das partes nos autos, evitando eventuais transtornos desnecessários e reversíveis a terceiras empresas”.

No despacho original, Moraes também determinou a aplicação de uma multa diária de 50 mil reais para qualquer pessoa que recorrer a “subterfúgios tecnológicos”, como os aplicativos de VPN, para acessar o X após a suspensão. Este trecho continua a valer.

O prazo fixado pelo ministro para o X nomear um advogado no País expirou às 20h07 da última quinta. Minutos depois, a empresa informou por meio de uma conta oficial esperar que Moraes ordenasse “em breve” o bloqueio, “simplesmente porque não cumprimos suas ordens ilegais para censurar seus opositores políticos”.

No mandado de intimação à rede social, o juiz avisou que poderia ocorrer a “imediata suspensão das atividades da rede social”, a permanecer em vigor “até que as ordens judiciais sejam efetivamente cumpridas e as multas diárias quitadas”.

Pelas contas do Supremo, o valor das multas não pagas pelo X chega a 18,3 milhões de reais até esta sexta.

A rede anunciou neste mês que encerraria suas operações no Brasil, em meio a uma ofensiva de Musk contra o STF. Na prática, significa que o X continuou a operar no País, mas sem um representante legal.

Leia alguns trechos da decisão de Alexandre de Moraes nesta sexta-feira:

  • “O ordenamento jurídico brasileiro prevê a necessidade de que as empresas que administram serviços de internet no Brasil tenham sede no território nacional, bem como, atendam às decisões judiciais que determinam a retirada de conteúdo ilícito gerado por terceiros”;
  • “Em outras oportunidades, o maior acionista da Twitter International Unlimited Company, Elon Musk, demonstrou seu total desrespeito à soberania brasileira e, em especial, ao Poder Judiciário, colocando-se como verdadeiro ente supranacional e imune às legislações de cada País”;
  • “Elon Musk confunde liberdade de expressão com uma inexistente liberdade de agressão, confunde deliberadamente censura com proibição constitucional ao discurso de ódio e de incitação a atos antidemocráticos;
  • “A tentativa da Twitter International Unlimited Company em colocar-se à margem da lei brasileira, às vésperas das eleições municipais de 2024, demostra seu claro intuito de manter e permitir a instrumentalização das redes sociais”.

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