Política

Exército abre inquérito contra militares que fizeram carta pró-golpe em 2022

A carta golpista pedia, entre outras coisas, que o Exército atuasse em uma ação de Garantia da Lei e da Ordem para impedir a posse de Lula

Exército abre inquérito contra militares que fizeram carta pró-golpe em 2022
Exército abre inquérito contra militares que fizeram carta pró-golpe em 2022
Cerimônia do Dia do Soldado, no Quartel-General do Exército. Brasília - DF. Foto: Ricardo Stuckert / PR
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O Exército abriu, nesta terça-feira 27, um inquérito policial militar para investigar quatro coronéis que fizeram, em 2022, uma carta para pressionar o comando da instituição a dar um golpe e impedir a posse do presidente eleito Lula (PT).

Os militares que serão investigados pelos possíveis crimes são os coronéis Alexandre Castilho Bitencourt da Silva e Anderson Lima de Moura (ambos da ativa) e os coronéis da reserva Carlos Giovani Delevati Pasini e José Otávio Machado Rezo Cardoso.

Segundo o regimento, o Exército tem 30 dias prorrogáveis por mais 30 para concluir o inquérito. A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmada por CartaCapital.

Uma sindicância, aberta pelo comandante Tomás Paiva para apurar o caso, apontou que há possível crime militar na redação e publicação do texto.

A carta foi encontrada no celular de Mauro Cid, tenente-coronel do Exército Brasileiro e ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), durante investigações da Polícia Federal.

O texto produzido tinha como alvo o general Marco Antônio Freire Gomes, que comandava o Exército naquele momento. A ideia era que o documento fosse assinado por um grande número de oficiais.

Assim que começou a circular, o próprio Exército teria alertado aos fardados sobre os riscos de adesão ao movimento.

O que dizia a carta

A carta golpista pedia, entre outras coisas, que o Exército atuasse em uma ação de Garantia da Lei e da Ordem, defendendo que o mecanismo seria papel constitucional da Força para garantir a preservação dos Poderes naquele momento. A GLO era vista por bolsonaristas como ponto fundamental para o golpe planejado.

Os oficiais alegavam no texto que estavam “sempre prontos para cumprir suas missões” e citavam ‘objetivos nacionais’ acima dos ‘interesses pessoais’. Em outro trecho, pediam ‘coragem’ aos soldados naquele momento.

“Covardia, injustiça e fraqueza são os atributos mais abominados para um Soldado. Nossa nação, aquela que entrega os maiores índices de confiança às Forças Armadas, sabe que seus militares não a abandonarão”, dizia.

O texto ainda pedia que os comandantes tomassem iniciativas para o “imediato restabelecimento da lei e da ordem, preservando qualquer cidadão brasileiro a liberdade individual de expressar ideias e opiniões”. O contexto do pedido era ofertar uma proteção aos golpistas acampados em frente ao quartel do Exército.

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