Sociedade

População do Brasil vai parar de crescer em 2041, projeta IBGE

Conclusão foi divulgada nesta quinta-feira pelo instituto com base nas tendências observadas no Censo de 2022

População do Brasil vai parar de crescer em 2041, projeta IBGE
População do Brasil vai parar de crescer em 2041, projeta IBGE
Foto: Arquivo/Agência Brasil
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Cada vez que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga um novo Censo os números revelam que a população brasileira cresce. Éramos 170 milhões no ano 2000, 190 milhões em 2010, e superamos a barreira dos 200 milhões no último Censo, divulgado no ano passado.

Haverá, então, um momento em que a população vai deixar de crescer? Para o IBGE, a resposta é sim. O ano de 2042 deverá marcar o fim do crescimento populacional. A informação consta em um estudo sobre projeções da população divulgado nesta quinta-feira 22 pelo órgão.

Segundo o IBGE, a população brasileira deverá atingir o pico 220,4 milhões em 2041, quando começará, então, a experimentar um movimento de queda. Em 2070, segundo projeções, a população deve cair abaixo dos 200 milhões (199,2 milhões).

Há vários fatores que podem contribuir para a diminuição da população, mas, em primeiro lugar, está o fato de que as pessoas têm tido menos filhos, se comparadas a gerações anteriores. Essa, aliás, é uma tendência para o futuro.

No ano 2000, por exemplo, a taxa de fecundidade no País era de 2,32 filhos por brasileira. Em 2022, segundo o IBGE, o indicador caiu para 1,58. Um critério básico para que a população de um País cresça é que a taxa de fecundidade esteja acima de 2.

Para o órgão, a década de 2040 deverá marcar o ponto mínimo da taxa: 1,44 filho por brasileira. O IBGE espera um leve crescimento nas décadas posteriores, chegando a 1,58 filho por mulher, mas nada que contribua para a reposição populacional.

Detalhes da pesquisa

O ritmo mais lento no crescimento da população não é de agora. Pelo menos desde a década de 1960, o aumento, apesar de notável, já não é mais tão vigoroso como na primeira metade do século XX.

“Vários fatores contribuíram para isso”, explicou Izabel Marri, gerente de Estudos e Análises Demográficas do IBGE, citando “a urbanização, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o aumento da escolaridade feminina, além da popularização da pílula anticoncepcional”.

Para chegar às projeções divulgadas hoje, o IBGE levou em consideração elementos como número de nascimentos, mortes e migrações. A pesquisa é fruto de uma atualização da estimativa baseada no Censo Demográfico 2022 e a na Pesquisa de Pós-Enumeração (PPE).

Ao atualizar os números, o IBGE projetou que o montante real da população do País no Censo 2022 é de 210,9 milhões de pessoas. Ou seja, 3,9% acima do que foi registrado no Censo, que indicou 203 milhões de pessoas.

Para o IBGE, atualizações dessa natureza são normais e não invalidam os dados do último Censo.

Ainda em termos de projeções, o IBGE indicou que a população para 2024 será de 212,6 milhões de pessoas.

Em comparação aos anos anteriores, a população atual tem uma maior expectativa de vida. Em 2000, por exemplo, a “esperança de vida ao nascer”, segundo o IBGE, era de 71,1 anos. Agora, a expectativa é de 76,4 anos. O número é maior para mulheres (79,7 anos) do que para homens (73,1 anos).

Não por acaso, essas mudanças de dinâmica levam o Brasil a ter uma população mais envelhecida do que antes. Segundo o IBGE, a proporção de idosos na população praticamente duplicou, entre 2000 e 2023. 

Pessoas com mais de 60 anos eram 8,7% de toda a população no início do milênio, mas, agora, representam 15,6%. São 33 milhões de idosos no País, atualmente.

Por onde a população vai começar a cair?

Por ser um País de extensão continental, marcado pelas mais variáveis diferenças sociais, econômicas e demográficas, o Brasil é o exemplo de como múltiplas realidades convivem em um só território. 

Por conta disso, apesar da projeção de que a população geral comece a ser reduzida em menos de duas décadas, há lugares que poderão experimentar esse fenômeno um pouco antes.

É o caso de estados como Alagoas e Rio Grande do Sul. Para o IBGE, as regiões devem começar a sentir a queda populacional daqui a três anos, em 2027.

No caso de Alagoas, a iminente queda se deve a fatores locais, já que o estado tem baixa expectativa de vida, quando comparado com os demais, e enfrenta um histórico processo de êxodo.

Já no RS, a queda populacional poderá se antecipar à medida nacional em razão do fato de que o estado gaúcho tem a população mais envelhecida do Brasil.

Outros estados também devem se antecipar à inflexão do crescimento populacional. São eles: Rio de Janeiro, Maranhão, Bahia, Piauí, São Paulo, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Rondônia. Por outro lado, o Mato Grosso deve ser o único estado que poderá não experimentar uma queda na sua população até, pelo menos, 2070.

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