Justiça
Dino rejeita queixa de deputados bolsonaristas por mensagem sobre o ‘PL dos estupradores’
Uma publicação de Fernanda Melchionna (PSOL-RS) criticava o apoio de parlamentares ao projeto que restringe o aborto legal


O ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino rejeitou, nesta segunda-feira 5, uma queixa-crime apresentada por deputados bolsonaristas contra a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) por uma publicação nas redes sociais.
Melchionna criticou os apoiadores do projeto de lei que equipara o aborto legal ao crime de homicídio. De autoria do bolsonarista Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), a matéria prevê que a pena para a mulher que interromper a gravidez seja mais dura que aquela a ser imposta ao homem que a estuprou.
“Estes são os parlamentares que propuseram o PL dos estupradores”, dizia a chamada da mensagem. A queixa-crime alega que a postagem configura crime de calúnia ou de difamação.
Acionaram o STF os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Carla Zambelli (PL-SP), Mario Frias (PL-SP), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Franciane Bayer (Republicanos-RS).
“O termo ‘estupradores’ está ligado ao conteúdo do projeto de lei”, ressaltou Dino. “A atribuição de sentido proposta na queixa-crime é contrária ao texto expresso da postagem. Não houve nenhuma imputação de fato falso, portanto impossível falar em crime de calúnia ou difamação.”
Segundo o ministro, a manifestação de Melchionna se encaixa na imunidade parlamentar. “A possibilidade de fazer críticas severas a projeto de lei ou PEC, e a possibilidade de divergência de posições, é o coração da democracia.”
Em junho, a partir de uma manobra do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), os deputados aprovaram a tramitação do PL antiaborto em regime de urgência. Com isso, ele poderia ir direto ao plenário, sem passar por comissões.
Após uma ampla reação popular, no entanto, Lira pisou no freio e anunciou a criação de uma “comissão representativa” para debater o tema no segundo semestre. Ou seja, ele não descartou o projeto, mas atrasou a tramitação.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

MDB oficializa candidatura de Nunes à Prefeitura de SP ao lado de Tarcísio e Bolsonaro
Por CartaCapital
AGU planeja notificar o X para remover vídeo falso de Amorim postado por Eduardo Bolsonaro
Por CartaCapital
Como Lula e Bolsonaro podem influenciar as eleições em BH, Manaus, Campo Grande, Rio e SP, segundo a Quaest
Por CartaCapital