Justiça
Moraes contrariou a PGR ao mandar prender 5 investigados por envolvimento na ‘Abin Paralela’
Paulo Gonet havia defendido a fixação de medidas cautelares contra os alvos


O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes contrariou a Procuradoria-Geral da República ao determinar prisões preventivas na operação deflagrada nesta quinta-feira 11 pela Polícia Federal sobre um suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência, sob o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Em manifestação a Moraes, o procurador-geral Paulo Gonet disse ser contrário à prisão preventiva de Mateus de Carvalho Sposito, Richards Dyer Pozer, Rogério Beraldo de Almeida, Marcelo Araújo Bormevet e Giancarlo Gomes Rodrigues.
No lugar das prisões, segundo o PGR, deveria haver a fixação de medidas cautelares.
Moraes, porém, emitiu os mandados de prisão preventiva e determinou o cumprimento da ordem pela PF. Ele argumentou que os fundamentos para a decisão estão “inequivocamente demonstrados nos autos pelos fortes indícios de materialidade e autoria dos crimes descritos”.
O objetivo da operação, conforme a PF, é desarticular uma organização criminosa que monitorava ilegalmente autoridades públicas, além de produzir notícias falsas, utilizando-se de sistemas da Abin.
Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.
O suposto esquema teria funcionado entre 2019 e 2021, durante o período em que Alexandre Ramagem foi o diretor-geral da agência. Atualmente, ele é deputado federal e pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PL.
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