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Com provável guinada à direita, eleições europeias podem diminuir influência da França na Europa

No segundo semestre do ano, a Hungria ocupará a presidência rotativa da União Europeia. Orbán pretende apresentar como prioridades o combate à imigração, a guerra na Ucrânia e a transição verde, que ele estima atrapalhar a indústria

Com provável guinada à direita, eleições europeias podem diminuir influência da França na Europa
Com provável guinada à direita, eleições europeias podem diminuir influência da França na Europa
Sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo, na França Foto: FREDERICK FLORIN / AFP
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As eleições para a renovação do Parlamento Europeu, que acontecem de 6 a 9 de junho, dependendo do país do bloco, devem ser marcadas por uma guinada à direita, segundo projeções das intenções de voto.

As principais revistas semanais francesas antecipam que as listas de candidatos nacionalistas e de extrema direita devem ter votação expressiva em vários países, entre eles na França, onde o partido populista Reunião Nacional lidera as sondagens.

O semanário L’Express repercute a forma como a imprensa internacional vê o avanço do candidato francês Jordan Bardella, de apenas 28 anos, nas pesquisas. Bardella, presidente do partido de extrema direita Reunião Nacional, repaginado por Marine Le Pen, estava com 33% de intenções de voto na pesquisa Ifop de 31 de maio. Ele é considerado o fenômeno político da atual campanha. Casado com uma sobrinha de Marine Le Pen, Bardella está demonstrando um desempenho excepcional entre os eleitores, inclusive entre jovens da faixa etária de 18 a 25 anos.

“A ascensão de Bardella reflete a virada à direita da França que pode modificar radicalmente o cenário político no país”, diz a revista americana Time. O jornal belga Le Soir afirma que “na França, Bardella passa de marionete [de Marine Le Pen] a presidenciável” em 2027.

A França elegerá 81 deputados para a próxima legislatura no Parlamento Europeu. A liste de extrema direita de Bardella poderá enviar ao plenário de Estrasburgo de 28 a 30 deputados, contra 23 nas eleições de 2019.

A lista da maioria presidencial, liderada por Valérie Hayer, que reúne o partido Renascença do presidente Emmanuel Macron, os centristas do MoDem, o Horizontes, de centro-direita, e a União dos Democratas e Independentes (UDI), bem como o Partido Radical, tem em média 15,5% das intenções de voto. Se esta votação se confirmar, os governistas obteriam de 14 a 16 cadeiras no Parlamento Europeu, contra 23 eleitos em 2019.

A terceira lista com mais intenções de voto reúne candidatos socialistas e poderia eleger de 11 a 14 eurodeputados.

Caso venham a ser confirmados nas urnas, esses resultados seriam desastrosos para o presidente Emmanuel Macron e para a França, que perderiam influência dentro da União Europeia.

Reduto da esquerda

Para avaliar o termômetro do eleitorado popular, a revista Nouvel Obs acompanhou o deputado David Guiraud, do partido LFI (A França Insubmissa), de extrema esquerda, durante um dia de campanha em Roubaix, no norte da França. A estratégia do partido é de angariar votos nos bairros populares e entre os abstencionistas da cidade, que tem 96 mil habitantes, dos quais 20% têm origem estrangeira.

Trata-se de consolidar a força da esquerda na região que deu 52% dos votos para Jean-Luc Mélenchon, líder do partido derrotado nas últimas eleições presidenciais.

Hungria defende mais nacionalismo e menos estrangeiros

Entrevistado pela revista Le Point, o primeiro-ministro ultraconservador e anti-imigração húngaro, Viktor Orbán, diz que o pleito europeu “vai decidir entre a guerra ou a paz”. Ele espera que os resultados levem à formação de um grupo político de peso de nacionalistas no Parlamento Europeu. Orbán espera que os candidatos de seu partido político, o Fidesz, sejam capazes de derrotar rivais, como Peter Magyar, opositor político na Hungria. A intenção do premiê húngaro também é impedir a reeleição da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, candidata a um segundo mandato no cargo mais importante das instituições europeias.

No segundo semestre do ano, a Hungria ocupará a presidência rotativa da União Europeia. Orbán pretende apresentar como prioridades o combate à imigração, a guerra na Ucrânia e a transição verde, que ele estima atrapalhar a indústria. O húngaro também defende aumentar a capacidade defensiva da Europa e combater a crise demográfica no continente.

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