Justiça

Juíza manda prender jornalista de Pernambuco em caso sobre publicações contra promotor

A decisão, assinada na sexta-feira 26, também ordena a apreensão do passaporte de Ricardo Antunes

Juíza manda prender jornalista de Pernambuco em caso sobre publicações contra promotor
Juíza manda prender jornalista de Pernambuco em caso sobre publicações contra promotor
Crimes virtuais se tornaram mais comuns após a pandemia - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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A juíza Andrea Calado da Cruz, da 11ª Vara Criminal de Pernambuco, determinou a suspensão de perfis nas redes sociais e a prisão preventiva do jornalista Ricardo César do Vale Antunes por descumprir decisões judiciais que impunham a exclusão de publicações contra Flávio Roberto Falcão Pedrosa, promotor do Ministério Público estadual.

A decisão, assinada na sexta-feira 26, também ordena a apreensão do passaporte de Antunes.

O jornalista está na Espanha e aguarda o julgamento de um habeas corpus para retornar ao Brasil. Ele é acusado pelos delitos de difamação e injúria, em continuidade delitiva.

A defesa argumenta ter deletado as reportagens no dia em que surgiu a determinação judicial, mas alega ter havido um equívoco que manteve uma chamada nos stories do Instagram. A assistência à acusação, porém, afirmou que ainda era possível encontrar uma publicação na internet e um vídeo no YouTube com fotos do promotor.

“Após consulta na web, verifico que, conforme demonstrado pela assistência à acusação, ainda existem publicações na rede mundial de computadores acerca de reportagem/postagem realizadas pelo acusado relacionadas a vítima dos presentes autos”, diz um trecho da decisão. “A liberdade de expressão constitucionalmente assegurada não pode ser utilizada como salvo conduto para o cometimento de infrações penais, tampouco autoriza a ofensa à honra alheia.”

Conforme a acusação, Antunes ainda teria promovido uma transmissão ao vivo nas redes sociais direto de Madrid, na Espanha, pouco antes da realização de uma audiência sobre o caso. Ele teria justificado sua ausência com o argumento de que não tinha conexão à internet.

A juíza também baseou a prisão no que considera necessidade de evitar um “sentimento de impunidade e de insegurança para a sociedade” e afirmou que o jornalista “possui histórico de ofensas à lei penal”.

Na decisão, ela cita a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a liberdade de expressão “é consagrada constitucionalmente e balizada pelo binômio liberdade e responsabilidade, ou seja, o exercício desse direito não pode ser utilizado como verdadeiro escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas”.

Uma nota publicada no site de Ricardo Antunes diz que “a exclusão de publicação de matéria jornalística representa censura absolutamente proibida pela Constituição” e que “a prisão preventiva, assim como a exclusão de matéria jornalística, são inconstitucionais, ilegais e merecem ser revogadas”.

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