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Israel demite dois militares por morte de voluntários de ONG

Após bombardeio israelense matar sete trabalhadores humanitários em Gaza, investigação interna aponta que oficiais responsáveis cometeram erro de avaliação operacional

Israel demite dois militares por morte de voluntários de ONG
Israel demite dois militares por morte de voluntários de ONG
Veículo da ONG World Central Kitchen atingido por ataque israelense na Faixa de Gaza, em 2 de abril de 2024. Foto: AFP
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Dois oficiais israelenses envolvidos no bombardeio que matou sete voluntários da ONG World Central Kitchen (WCK) na Faixa de Gaza foram demitidos, informaram as Forças de Defesa de Israel (IDF) nesta sexta-feira (05/04).

Uma investigação sobre as mortes ocorridas no início da semana concluiu que os militares não tiveram o devido cuidado com informações consideradas críticas e, assim, violaram os termos de compromisso das forças armadas.

Os dois oficiais demitidos foram um coronel e um major que ordenaram os ataques na segunda-feira. Comandantes superiores também foram formalmente repreendidos.


O que Israel diz sobre os ataques

Os voluntários da ONG mortos eram cidadãos da Austrália, Polônia e Reino Unido, além de um palestino e um cidadão americano-canadense. Ao longo de quatro minutos, eles foram alvo de três ataques aéreos lançados por um drone israelense.

A WCK fornece refeições em áreas de catástrofe. Ao ser atingida, a equipe havia acabado de sair de um armazém da cidade palestina de Deir al-Balah, em direção a Khan Younis, em dois carros blindados claramente designados com o logo da ONG e em coordenação com as forças israelenses.

Um inquérito militar interno israelense concluiu que a equipe responsável pelos drones e pelos ataques cometeu um “erro de avaliação operacional da situação”.

Segundo o inquérito, esses oficiais teriam visto um suposto atirador do Hamas disparando de cima de um dos caminhões de ajuda humanitária que estavam escoltando.

“O ataque aos veículos de ajuda humanitária é um erro grave decorrente de uma falha séria devido a uma identificação equivocada, erros na tomada de decisões e um ataque contrário aos procedimentos operacionais padrão”, disseram as IDF em um comunicado nesta sexta-feira.

Sobre o logo da WCK claramente estampado nos veículos atingidos, o general israelense aposentado Yoav Har-Even, que lidera a investigação, disse que a câmera do drone não conseguiu vê-lo porque estava escuro. “Esse foi um fator fundamental na cadeia de eventos”, afirmou.

Apelos por investigação mais rigorosa

A WCK exigiu a criação de uma “comissão independente para apurar os assassinatos”, justificando que os militares israelenses “não podem investigar com credibilidade” seu próprio fracasso.

Já a Polônia pediu a instauração de um “inquérito criminal” por parte de Israel sobre o que chamou de “assassinato” de um de seus cidadãos.

“Queremos que promotores [poloneses] sejam incluídos e envolvidos nas explicações e em todo o processo criminal, e [queremos] procedimentos disciplinares contra os soldados responsáveis por esse assassinato”, afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores, Andrzej Szejna.

Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se disse “indignado”. Em um tenso telefonema na quinta-feira, Biden afirmou ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que o futuro apoio dos EUA à guerra em Gaza dependia de Israel tomar mais medidas para proteger os civis e os trabalhadores humanitários.

O Reino Unido, o Canadá e a Austrália também condenaram os assassinatos dos voluntários da WCK e exigiram respostas de Israel sobre o que ocorreu.

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