CartaExpressa
Ex-comandante da FAB rebate Ciro Nogueira e diz que senador ‘agride a instituição militar’
Senador comentou o depoimento de Baptista Júnior à PF e atribuiu o título de ‘criminoso’ aos militares
O ex-comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, reagiu nesta segunda-feira 18 às declarações feitas pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro (PL), que o acusou de ter mentido em depoimento à Polícia Federal.
Baptista Jr. e o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, afirmaram à PF que receberam propostas golpistas do então mandatário. Os depoimentos aconteceram no inquérito que investiga uma suposta articulação pró-golpe de Estado após as eleições de 2022.
Sem citá-los nominalmente, Nogueira insinou que a dupla teria prevaricado “ao não denunciar o ‘golpe’ ao país” e atribuiu o título de “criminoso” aos militares, minimizando a postura golpista de Bolsonaro. “Quer dizer que agora um chefe, dois chefes (?) de Forças Militares testemunham um Golpe de Estado e não fizeram nada?”, publicou o senador no X (ex-Twitter).
Nas redes sociais, Baptista Jr. rebateu as críticas, disse que as falas do senador têm finalidade eleitoral e agridem as Forças Armadas. Também pontuou que o parlamentar “demonstra desconhecer a lei brasileira, que estabelece que a continência militar é devida às autoridades, não às pessoas”.
Ao tentar apoio para as eleições de 2026, o senador @ciro_nogueira agride a instituição militar e demonstra desconhecer a LEI brasileira, que estabelece que a continência militar é devida às autoridades, não às pessoas. https://t.co/wssSNyRJ01
— Baptista Jr (@CBaptistaJr) March 18, 2024
O ex-comandante da Aeronáutica relatou à PF, entre outras coisas, que Freire Gomes teria ameaçado Bolsonaro de prisão após o então presidente “aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático”. O trecho está na série de depoimentos que integram a investigação da PF, que tiveram os sigilos derrubados por ordem do Supremo Tribunal Federal.
Baptista Jr. disse ainda que chegou a se retirar de uma reunião com o ex-presidente e que se recusou a receber uma proposta de decreto golpista.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Ciro Nogueira critica depoimentos de militares que implicaram Bolsonaro em trama golpista
Por CartaCapital
‘Mundo caindo na cabeça’, diz Bolsonaro um dia após divulgação de depoimentos
Por Gabriel Andrade



