Sociedade

13 milhões de brasileiros deixaram de passar fome em 2023, aponta estudo do Instituto Fome Zero

Levantamento analisou os indicadores da inflação e do desemprego para apontar tendências

13 milhões de brasileiros deixaram de passar fome em 2023, aponta estudo do Instituto Fome Zero
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Uma pesquisa do Instituto Fome Zero, encomendada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, apontou que 13 milhões de brasileiros saíram da situação de insegurança alimentar grave em 2023. Em outras palavras, o grupo deixou de passar fome.

A projeção, divulgada nesta segunda-feira 11, foi feita a partir do cruzamento de dados da Pesquisa de Orçamento Familiar e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), ambas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo considera a existência de dois cenários relacionados à fome no País, a insegurança alimentar moderada, condição em que o indivíduo não consegue realizar as três refeições diárias ou não se alimenta o suficiente, e a insegurança alimentar grave, situação em que a pessoa passa um ou mais dias sem comer, traduzida como fome.

Os resultados apontam que o número de pessoas com insegurança alimentar moderada + grave reduziu de 65 milhões para 45 milhões de pessoas. Quando se olha apenas para a parcela que vivia em insegurança alimentar grave, ela foi reduzida de 33 milhões para 20 milhões de pessoas, entre o 1° trimestre de 2022 e o 4° trimestre de 2023.

Os dados, importante registrar, são preliminares e, segundo o instituto, projetam tendências.

Para explicar a forte redução, o Fome Zero apontou a mudança na linha política do País.

“Em 2023, a conjuntura mudou com o retorno do Governo Lula e de suas políticas estruturantes. Um dos marcos importantes foi a restauração do Novo Bolsa Família (Lei N° 14.601), que fixou um limite mínimo de R$ 600,00 por família. Este novo valor representou um notável salto nos valores médios pagos pelo programa, que passaram de R$ 218 em fevereiro de 2022 (época da pesquisa do II Vigisan) para R$ 676 em dezembro de 2023”, aponta um trecho da conclusão do estudo.

Outra política citada é o fortalecimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), assim como a retomada dos empregos, em especial os com carteira assinada. Conforme último levantamento do IBGE, o desemprego se manteve estável no primeiro trimestre de 2023, em 7,6%, menor taxa desde 2015.

“A sinergia do crescimento dos valores das transferências sociais com o crescimento das rendas do trabalho, deve estar propiciando uma elevação na segurança alimentar das famílias, uma vez que a insegurança alimentar no Brasil está intimamente ligada à carência de renda e a pobreza”, afirma também o estudo.

Para os pesquisadores, a redução estimada da quantidade de pessoas em situação de insegurança alimentar grave no País está diretamente relacionada com a queda do desemprego, mas também é influenciada pela dinâmica favorável dos preços, especialmente dos alimentos.

O instituto ainda analisou a situação do Brasil baseado no Índice da Miséria, formado a partir de marcadores de desemprego e de inflação, que retrata a situação da população carente quanto à segurança alimentar.

O índice, que atingiu seu pico mais alto em 2021, retratando um cenário em que ao menos 21% da população viveria em situação de miséria, caiu para pouco mais de 12%, em 2023, conforme as projeções.

O resultado mais positivo foi uma consequência da redução da inflação no ano passado, um dos principais fatores da continuidade da queda do índice da miséria.

Novamente, o estudo afirma que os modelos matemáticos usados não tem a mesma precisão das pesquisas de campo, mas são úteis para projetar tendências.

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