Política
Brasil registrou mais de 10 mil feminicídios desde a tipificação legal do crime, aponta relatório
Embora os números já sejam altos, a realidade pode ser pior devido à falta de notificação, especialmente nos primeiros anos após a implementação da nova lei


Um estudo do Fórum Brasileira de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira 7, mostrou que pelo menos 10.655 mulheres foram vítimas de feminicídio no País, desde março de 2015, quando o crime passou a ser tipificado, até dezembro de 2023.
O levantamento levou em consideração os casos registrados oficialmente pela polícia. Embora os números já sejam altos, a realidade pode ser pior devido à falta de notificação, especialmente nos primeiros anos após a implementação da nova lei. Além disso, em alguns estados, crimes que deveriam ser classificados como feminicídios ainda são registrados como homicídios comuns.
Pela nova legislação, o feminicídio fica caracterizado quando a vítima sofre violência por razão da condição do seu sexo, envolvendo violência doméstica, familiar e discriminação.
Em 2023, o Brasil registrou 1.463 casos de feminicídio, a maior contagem desde que o crime foi definido legalmente. Isso equivale a uma taxa de 1,4 mortes por 100 mil mulheres, mantendo-se praticamente estável em comparação com 2022.
Nos últimos dois anos, a região Centro-Oeste teve a maior taxa de feminicídios do Brasil, com 2 casos por 100 mil habitantes, 43% acima da média nacional. O Sudeste apresentou o maior aumento anual em 2023, com 5,5% mais casos que em 2022.
Quinze estados tiveram taxas acima da média, com destaque para Mato Grosso, com 2,5 casos por 100 mil.
O relatório ainda aponta que, apesar das promessas eleitorais, nem todos os governantes colocaram em práticas políticas públicas sobre o tema.
“Um exemplo é o governo de Tarcísio de Freitas, que congelou os investimentos voltados ao enfrentamento à violência contra as mulheres no ano passado, mesmo diante do crescimento e recorde dos feminicídios e estupros no estado. O governo também não implementou o recurso destinado a novas delegacias da mulher, tendo executado apenas 3% do total de R$ 24 milhões previsto na Lei Orçamentária Anual”, destaca a análise.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Brasil registra 722 feminicídios no 1º semestre de 2023
Por CartaCapital
Lula sanciona lei que cria pensão para filhos de vítimas de feminicídio
Por Wendal Carmo
Lula assina criação do Plano Emergencial de Reforma Agrária e de pacto contra o feminicídio
Por CartaCapital