Política
Relatoria a senador petista desagrada e Renan Calheiros deixa a CPI da Braskem
Calheiros, que propôs a abertura, reivindicava a vaga, mas colegas temiam que ele utilizasse a comissão para estimular a histórica briga política em Alagoas com Lira
A escolha do senador Rogério Carvalho (PT-SE) para a relatoria da CPI da Braskem abriu uma crise no colegiado e resultou na saída de Renan Calheiros (MDB) da comissão. A investigação mira eventuais omissões da petroquímica no amparo às famílias atingidas pelo afundamento de solo em Maceió.
O desastre na capital alagoana foi responsável pela formação de crateras subterrâneas, que abriram rachaduras em ruas, prédios e casas, e deixou ao menos 60 mil desalojados.
O anúncio do relator foi feito pelo senador Omar Aziz (PSD) nesta quarta-feira, durante a primeira sessão do colegiado.
Calheiros, que propôs a abertura da investigação parlamentar, reivindicava a vaga, mas integrantes da CPI temiam que ele utilizasse a comissão para ampliar a histórica briga política em Alagoas com o clã do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).
Aziz pediu para que o seu colega entendesse a decisão. “O compromisso que estamos assumindo é levantar todos os cadáveres para ter chegado nessa situação porque isso não chegou do dia para noite, não aconteceu do dia para noite e nós vamos levantar e quem me conhece sabe que vai levantar e sem amarras”, pontuou.
O alagoano, contudo, anunciou que não concordava com a decisão e que sairia do colegiado. Ponderou também que se o caso tivesse ocorrido em Sergipe, ele abriria mão da relatoria para que Carvalho assumisse por ter mais conhecimento da situação na região.
A decisão da presidência foi chancelada pelos senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Dr. Hiran (PP). Vice-presidente da CPI, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) chegou a oferecer a vice-presidência a Calheiros, que a recusou.
A CPI, que vai ocorrer apenas no Senado, é composta por 11 senadores e sete suplentes, totalizando 18 vagas. Dentre os 18 representantes, apenas oito são do Nordeste.
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