Educação

PSOL vai ao MP contra portaria de Tarcísio que avalia diretores com base em suposta ‘meritocracia’

Representação aponta o risco de servidores se tornarem alvo de demissões arbitrárias, motivadas por interesses políticos ou pela tentativa de coibir mobilizações

PSOL vai ao MP contra portaria de Tarcísio que avalia diretores com base em suposta ‘meritocracia’
PSOL vai ao MP contra portaria de Tarcísio que avalia diretores com base em suposta ‘meritocracia’
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Foto: Marco Galvão/Alesp
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A deputada federal Sâmia Bomfim, a deputada estadual Monica Seixas e a vereadora paulistana Luana Alves, todas do PSOL, acionaram o Ministério Público de São Paulo contra uma resolução do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) que avaliará o desempenho dos diretores escolares com base na “meritocracia”.

Profissionais que não alcançarem um índice considerado satisfatório poderão ser penalizados com a perda do cargo ou a remoção para outra unidade, segundo uma portaria publicada na semana passada.

No pedido, endereçado à Promotoria de Educação, as parlamentares defendem a abertura de um procedimento para apurar eventuais irregularidades na portaria. A demanda foi enviada na última sexta-feira 26.

O documento sustenta que, ao estabelecer critérios “materialmente inviáveis” para avaliar o desempenho dos gestores, a secretaria de Educação “abre espaço para práticas como assédio moral institucional, medo e constrangimento, o que vai de encontro aos princípios éticos e legais”.

A representação ainda menciona o receio de que, após a conquista da estabilidade, os servidores se tornem alvo de demissões arbitrárias, motivadas por interesses políticos ou pela tentativa de coibir mobilizações e greves.

“Tais abordagens desconsideram a natureza essencialmente coletiva e cooperativa do trabalho no serviço público, podendo resultar em práticas de controle e perseguição que prejudicam o bom funcionamento das instituições”, justificam.

As parlamentares ainda estudam acionar o Tribunal de Contas do Estado contra a resolução. Por sua vez, Mônica Seixas apresentou um projeto de decreto legislativo para sustar a política na Assembleia Legislativa.

O processo de avaliação dos diretores ocorrerá com base em quatro indicadores: 

  • frequência dos estudantes da unidade escolar;
  • participação nas avaliações bimestrais;
  • uso de plataformas digitais; e
  • índice de vulnerabilidade da escola.

Segundo a resolução, a política atende aos “princípios da meritocracia e da busca contínua pela excelência no campo educacional” e contribuirá para “aprimorar e qualificar a gestão das escolas estaduais paulistas”.

A portaria define que a avaliação será feita bimestralmente pelas diretorias de ensino. Com base na soma dos indicadores, os profissionais receberão notas que variam de 0 a 10 – uma pontuação inferior a 5 é considerada “insatisfatória”.

Diretores que tiverem uma nota insatisfatória estarão sujeitos a remoção para outra unidade escolar ou para a sede da diretoria de ensino, poderão ser designados a voltar para o cargo de origem – professor – ou serão submetidos a um curso de capacitação.

A resolução prevê ainda que as penalidades só poderão ser aplicadas após o gestor apresentar “esclarecimentos, justificativas e discussão de possíveis medidas de aprimoramento” às instâncias superiores.

O processo de avaliação é semelhante ao implementado pelo empresário Renato Feder quando ele esteve à frente da Educação no Paraná, entre 2019 e 2022, no governo Ratinho Júnior (PSD). A iniciativa é vista com sérias reservas por entidades da categoria e especialistas em educação.

Procurada pela reportagem, a secretaria de Educação de São Paulo ainda não se manifestou sobre a representação apresentada pelas parlamentares do PSOL. O espaço segue aberto.

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