Justiça
O que se sabe e o que falta ser esclarecido no assassinato de Marielle Franco
Neste domingo, o executor da vereadora aceitou participar de uma delação premiada para contar novos detalhes sobre o caso; PF aguarda homologação do STF para prosseguir com acordo


Há quase 6 anos sem um desfecho, a investigação sobre o assassinato de Marielle Franco pode ganhar novos detalhes caso o acordo de delação premiada do assassino Ronnie Lessa seja homologado pelo Supremo Tribunal Federal.
Marielle e Anderson foram assassinados em 14 de março de 2018, quando voltavam de um evento no centro do Rio de Janeiro e o carro em que estavam foi alvejado por tiros, disparados por Ronnie Lessa, de outro veículo. Em 2019, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram presos.
Em 2023, Queiroz aceitou o acordo de delação premiada e confessou a participação no crime, além de afirmar que Ronnie Lessa foi o autor dos disparos. No depoimento, ele também denuncia a participação de Maxell Simões Corrêa, ex-bombeiro que teria feito campana para vigiar a vereadora desde agosto de 2017 e, posteriormente, teria ajudado a esconder a arma e o carro utilizados no crime. Maxwell, mais conhecido como Suel, foi preso na Operação Élpis.
Outros três nomes divulgados por Queiroz foram o do bicheiro Bernado Bello, o chefe de sua segurança, José Carlos Roque Barboza, e o ex-PM Edimilson Oliveira da Silva. Segundo ele, o grupo de Bello, um dos líderes do jogo do bicho no Rio de Janeiro, teria fornecido um celular para Ronnie Lessa – acusado de atirar contra as vítimas – e o Cobalt prata utilizado no crime.
Segundo Queiroz, os contatos entre Lessa e Bello eram intermediados por Barboza e pelo ex-PM Edimilson Oliveira da Silva, o Macalé. O delator já havia afirmado que foi Macalé quem “levou esse trabalho” a Ronnie Lessa, em referência ao assassinato de Marielle e Anderson.
Edimilson Oliveira da Silva era um sargento reformado da Polícia Militar e foi executado em novembro de 2021, aos 54 anos. Segundo relatos de testemunhas, ele caminhava por Bangu, na zona oeste do Rio, em direção ao seu carro – uma BMW -, quando foi alvo de homens em um automóvel branco.
Com os detalhes oferecidos por Queiroz e no curso das investigações, ao menos outras seis pessoas foram alvos de busca e apreensão: Edimilson Barbosa dos Santos, que teria realizado o desmanche do veículo descartado; Denis Lessa, irmão de Ronnie e suspeito de ter recebido os equipamentos usados no crime; João Paulo Vianna Soares e Alessandra da Silva, suspeitos de terem feito o descarte da arma utilizada; Maurício da Conceição dos Santos Júnior e Jomar Duarte Bittencourt Júnior, suspeitos de terem vazado informações da operação que prenderia Ronnie em 2019.
O que ainda falta ser respondido
Os promotores ainda investigam qual foi a motivação do crime, embora a principal linha investigativa ainda seja tratada como motivação política por incomodo com as ações realizadas por Marielle enquanto vereadora no Rio de Janeiro.
A investigação também tenta, ainda, responder a questão principal do caso: identificar o mandante do crime.
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