Economia

Pacheco projeta tomar decisão sobre MP da reoneração da folha ainda no recesso

O presidente do Senado diz que líderes apontam ‘vício’ em proposta de Haddad, mas indica dispositivo que pode avançar

Pacheco projeta tomar decisão sobre MP da reoneração da folha ainda no recesso
Pacheco projeta tomar decisão sobre MP da reoneração da folha ainda no recesso
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Apoie Siga-nos no

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta terça-feira 9 que os congressistas devem tomar uma decisão sobre a reoneração da folha de pagamentos ainda no recesso parlamentar, até 2 de fevereiro.

Deputados e senadores analisam uma medida provisória publicada pelo governo federal no fim de dezembro que propõe novas regras para substituir a desoneração da folha de pagamentos.

A MP é uma lei publicada pelo Executivo que entra em vigor assim que é editada, mas precisa passar pelo crivo do Congresso para ter validade permanente.

Já a desoneração é uma política que concede benefícios fiscais a empresas de 17 setores produtivos.

O incentivo foi criado na era Dilma Rousseff (PT) sob o argumento de estimular a geração de empregos e a produtividade. Os setores beneficiados pressionam o Congresso pela prorrogação da desoneração.

No entanto, especialistas contestam a eficácia dos descontos. Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reclama de impactos negativos nos cofres do governo, por causa da queda de arrecadação.

Apesar das críticas, os parlamentares aprovaram a extensão da desoneração. O presidente Lula (PT) chegou a vetar o texto, mas os congressistas realizaram uma sessão conjunta e derrubaram o veto.

Na sequência, o governo apresentou uma nova proposta para reverter a desoneração. A ideia é restabelecer, de forma gradual, por quatro anos, a cobrança de impostos.

O presidente do Senado se reuniu com líderes partidários nesta terça e disse que pretende se encontrar com Haddad para apresentar as perspectivas dos parlamentares.

Pacheco afirmou que acha “difícil” haver uma revogação da desoneração da folha e que a percepção dos senadores é de que há “vício” na medida provisória. Porém, ele afirmou estar disposto a discutir com Haddad uma remodelação do programa de forma escalonada.

Estão no rol de possibilidades, segundo o presidente do Senado, a tramitação da MP, com aprovação ou reprovação, e até mesmo a devolução parcial ou integral do texto.

Pacheco demonstrou, ainda, ver com bons olhos alguns dispositivos da MP, como as novas regras para as compensações tributárias. A Fazenda diz perder 65 bilhões de reais anualmente devido ao sistema atual.

Conforme as regras em vigor, quando as empresas obtêm créditos tributários a partir de processos na Justiça contra a administração pública, podem abater 100% desses valores nos impostos de determinado ano. Com a proposta do governo, esses valores poderiam ser compensados com mais lentidão.

“Eu acho que a discussão sobre as compensações para o escalonamento é muito equilibrada”, avalia Pacheco. “Se há uma aferição de que houve um recolhimento indevido de tributos nos últimos cinco anos e há o direito de compensação disso, fazer uma compensação imediata pode mesmo gerar um desequilíbrio à arrecadação do Estado brasileiro. Acho que é uma tese palatável.”

Em relação às críticas sobre a inconstitucionalidade da desoneração, o presidente do Senado diz estar calçado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal para aprovar o benefício aos setores produtivos.

Já a desoneração para os municípios, regra nova que concede benefícios às administrações municipais, Pacheco disse ser “direito” do Executivo acionar o STF para discutir a constitucionalidade da medida.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo